sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Multidão protesta na AL e Batalhão de Choque é acionado


A greve dos professores estaduais, que já dura 27 dias, teve ontem seu dia mais tenso. Uma multidão ocupou a Assembleia para cobrar dos deputados ajuda nas reivindicações. Paredes da Casa chegaram a ser pichadas
02.09.201101:30
Alunos se uniram a professores e lotaram a Assembleia Legislativa para pressionar parlamentares a apoiá-los no embate com o Governo que tem como pano de fundo a implementação do piso salarial da categoria (FOTO DEIVYSON TEIXEIRA)Alunos se uniram a professores e lotaram a Assembleia Legislativa para pressionar parlamentares a apoiá-los no embate com o Governo que tem como pano de fundo a implementação do piso salarial da categoria (FOTO DEIVYSON TEIXEIRA)

A greve dos professores da rede estadual de educação teve ontem seu momento de maior tensão. O Batalhão de Choque da Polícia Militar foi acionado pela Assembleia Legislativa para prevenir que o grupo de manifestantes que lotavam o prédio do Poder Legislativo invadisse o plenário em pleno curso de sessão ordinária - a exemplo do que aconteceu em maio durante greve dos professores da rede municipal, quando manifestantes do Sindiute invadiram e interromperam a sessão da Câmara Municipal.

Membro da Casa Militar, o coronel Menezes informou ao O POVO que houve um pequeno conflito durante a chegada dos manifestantes, mas que não foi registrado nenhum confronto corporal entre os manifestantes e o batalhão de choque.

Após trajeto pela avenida Desembargador Moreira, partindo da Praça da Imprensa, os manifestantes chegaram à Assembleia fazendo muito barulho. Latas, apitos e instrumentos musicais se transformaram em armas de protesto. O clima ficou tenso e a presença do batalhão de choque incomodou os manifestantes, que reagiram intensificando a barulheira. A frase “Educação já!” chegou a ser pichada com tinha vermelha dentro da Assembleia, o que teria causado a revolta do presidente da Casa, Roberto Cláudio (PSB).

De Brasília, Cláudio teria mandado avisar aos manifestantes e ao Sindicato dos Professores do Estado do Ceará (Apeoc) que se o patrimônio público continuasse sendo prejudicado, a Assembleia poderia se retirar de seu papel de mediadora do conflito entre professores e Governo do Estado. O relato da fala de Cláudio foi feito pelo presidente em exercício, Tin Gomes (PHS), durante reunião acertada às pressas entre os deputados e os comando de greve, para tentar acalmar os ânimos acirrados que acabaram interrompendo a sessão em curso.

Sessão suspensa
Apesar de não entrarem no plenário, os manifestantes – a maioria estudantes que apoiam as reivindicações de seus mestres – conseguiram forçar o encerramento da sessão que estava em curso. Nas galerias do povo, localizadas sobre o plenário, manifestantes fizeram barulho suficiente para atrapalhar a fala dos deputados. Tin, que presidia a sessão, pediu silêncio, mas de nada adiantou e o presidente acabou cancelando a sessão.

Em seguida, um grupo de deputados interessado no assunto se juntou a Tin para receber uma comissão de professores e alunos. No encontro, professores se disseram vítima de “assédio moral” em função da frase atribuída ao governador Cid Gomes (PSB), que teria afirmando que professores deveriam trabalhar por amor, não por dinheiro. O líder do governo, Antônio Carlos (PT), se comprometeu a tentar agendar uma reunião entre professores com um representante do Governo, até amanhã.

A manifestação dos professores estaduais contou com diversos apoiadores. O vereador João Alfredo (Psol) foi à Assembleia para participar das negociações. O grupo Crítica Radical também estava presente, assim como a diretora do Sindiute, Gardênia Baima.

Por quê

ENTENDA A NOTÍCIA

Professores defendem a implementação do piso salarial – segundo eles, calculado em R$ 1.597,00 – e mais pagamento da progressão funcional descrita no plano de cargos e carreiras, que prevê percentuais de aumento na remuneração a cada novo título acadêmico do professor.

ENTENDA O CASO

5/8 – Professores realizam assembleia e decidem entrar em greve. A paralisação foi motivada por discordância dos professores com proposta de reajuste oferecida pelo Governo do Estado. Pela proposta, professores de nível superior teriam vencimento iniciais de R$ 2 mil. Categoria não concordou com proposta.

19/8 – Governo ingressa na Justiça com pedido de decretação de ilegalidade da greve dos professores.

25/8 – Alunos e professores ocupam Assembleia Legislativa e realizam manifestação. O presidente da Assembleia, Roberto Cláudio (PSB), recebe professores para uma reunião. Assembleia começa a intermediar o diálogo entre a categoria e o governo.

26/8 – Após anunciar que não enviará mais à Assembleia a proposta de reajuste temida pelo sindicato Apeoc, o Governo propõe zerar a negociação com os professores e abrir todos os dados do orçamento da educação para os próprios professores elaborem uma proposta viável.

29/8 – Justiça determina que greve é ilegal. Revoltados, professores decidem manter a greve.

1º/9 – Professores ocupam Assembleia e fazem a mais tensa das manifestações.

Pedro Alves 
pedroalves@opovo.com.br

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