segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Novo mapa-múndi mostra Pegada Humana na Terra

Com informações da ESA -  

Mapa-múndi mostra Pegada Humana na Terra
O mapa não é bonito, mas traz informações inéditas.[Imagem: DLR]
Pegada Humana Global
A ESA (Agência Espacial Europeia) está disponibilizando um mapa-múndi inédito que mostra a pegada humana sobre a Terra.
Embora serviços como o Google Earth e imagens fornecidas por inúmeros satélites de observação mostrem cada centímetro quadrado da Terra, o mapa "Pegada Urbana Global" (ou GUF: Global Urban Footprint) é diferente.
Trata-se de um mapa em preto e branco, onde o branco é solo e cada ponto escuro representa a presença humana - das grandes aglomerações nas metrópoles mundiais a pequenas aldeias, chegando até a casas isoladas no meio rural - qualquer construção humana com mais de 12 metros aparece no mapa como um ponto característico da presença humana.
A partir deste mês, o conjunto de dados está disponível online, gratuitamente, através da Plataforma de Exploração Temática Urbana (U-TEP) da ESA, com resolução espacial total de 12 metros para uso científico, além de uma versão com resolução de 84 metros, mais fácil de lidar, para qualquer uso sem fins lucrativos.
"Anteriormente não estávamos captando todas as aldeias em áreas rurais," contou Thomas Esch, do Centro Aeroespacial Alemão (DLR). "Mas elas podem ser cruciais para entender a distribuição populacional ou vetores de doenças, por exemplo, ou avaliar as pressões sobre a biodiversidade. Essas colonizações rurais são ainda, atualmente, lar de quase metade da população global - cerca de 3 bilhões de pessoas."
Mapa-múndi mostra Pegada Humana na Terra
Sinais da pegada humana na região de Delhi, na Índia [Imagem: DLR]
Radar detecta construções humanas
Mesmo os astronautas em órbita acham difícil detectar os sinais de habitação humana fora das grandes cidades - até ao anoitecer, quando se ligam as luzes artificiais. Por isso o mapa foi elaborado utilizando principalmente a visão radar, que pode detectar estruturas verticais típicas de ambientes construídos mesmo com observações feitas nas mais diversas condições climáticas.
Os satélites de radar alemães TerraSAR-X e TanDEM-X capturaram, ao longo de dois anos, mais de 180.000 imagens de alta resolução cobrindo toda a superfície da Terra. As imagens têm resolução quase 100 vezes mais detalhada do que os dados ópticos fornecidos pelo Landsat dos EUA, geralmente usados para mapear as áreas urbanas.
Os dados do radar foram combinados com dados adicionais, como modelos digitais do terreno. Ao todo, a equipe processou mais de 20 milhões de conjuntos de dados, com um volume de entrada de mais de 320 terabytes, incluindo uma verificação de garantia de qualidade automatizada - visando garantir a máxima precisão, como um parâmetro de padrões de urbanização.
Pegada Humana Mais
A equipe já está trabalhando em uma nova versão do mapa, quando os dados em preto e branco serão sobrepostos a uma nova camada de fotografias da Terra - usando mais de 400.000 imagens multiespectrais do Landsat e do satélite europeu Sentinel-1 - o que dará uma visão realística da paisagem, além da dimensão informacional inédita da pegada humana em cada região.

Esta nova camada servirá de base para o "Pegada Urbana Global +", inicialmente com uma resolução espacial de 30 metros.

Fonte: Inovação Tecnológica

sábado, 26 de novembro de 2016

A última coisa que o satélite perdido de buracos negros viu antes de morrer

hitomi ultima observacao (3)

ESPAÇO

Este ano, o Japão lançou um satélite inovador para monitorar buracos negros, mas o perdeu muito rapidamente em circunstâncias estranhas. Agora, finalmente sabemos o que o Hitomi viu antes de morrer.
Quando a JAXA lançou o Hitomi em fevereiro, cientistas ficaram animados com as possibilidades do que o satélite poderia nos dizer sobre os mistérios do universo. Ele orbitou a Terra por cerca de um mês, quando algo deu errado.
Uma série de eventos infelizes, causados por erros humanos e falhas de software, fez o satélite girar fora de controle. Apesar das tentativas de recuperar o Hitomi, ele continuou a jogar detritos para o espaço. No fim, a JAXA declarou que o satélite de US$ 273 milhões estava perdido de vez.
No entanto, quando o Hitomi morreu, pesquisadores também anunciaram que conseguiram obter alguns dados dele, e que iriam detalhá-los em estudos futuros. Alguns desses dados estão em um novo artigo na revista Nature, mostrando a observação final do satélite – e ela traz algumas implicações fascinantes sobre o papel dos buracos negros na formação de galáxias.

O papel dos buracos negros

As últimas observações do Hitomi foram do Aglomerado de Perseu, um conjunto de galáxias a 240 milhões de anos-luz de distância, com um buraco negro supermassivo em seu centro. O satélite foi capaz de obter este ponto de vista da galáxia, assim como medir sua atividade de raios-x:
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Pesquisadores esperavam ver bastante atividade no centro do aglomerado, mas as observações de raios-x do Hitomi mostraram o oposto.
“O gás dentro de aglomerados é mais silencioso do que o esperado”, diz o coautor Andrew Fabian, da Universidade de Cambridge, ao Gizmodo. “Esperávamos que o nível fosse mais elevado, baseado na atividade central da galáxia.”
Mas a descoberta não é apenas um calmo oásis surpreendente em uma galáxia turbulenta. Ela também nos dá uma visão sobre o papel que buracos negros exercem em como as galáxias se formam (ou deixam de se formar).
“A surpresa é que a energia bombeada para fora do buraco negro está sendo absorvida de forma muito eficiente”, diz o coautor Brian McNamara, da Universidade de Waterloo, ao Gizmodo. “Este gás quente que nós observamos com o Hitomi é o material do futuro, é o gás a partir do qual as galáxias se formam. Há muito mais desse gás quente do que há estrelas na galáxia, ou seja, há mais coisas que não viraram galáxias do que coisas que viraram galáxias.”
Isso significa que os buracos negros próximos desempenham um grande papel no tamanho futuro de uma galáxia. “Ele mostra que os buracos negros controlam muito eficazmente a taxa de crescimento de galáxias”, diz McNamara.

Uma perda lamentável

Sim, a descoberta ressalta como ainda sabemos pouco sobre o papel dos buracos negros na formação de galáxias. Ela também nos dá um vislumbre de como o satélite era promissor, antes de se perder.
A perda é ainda maior porque, com o Hitomi, os pesquisadores esperavam que acabasse uma longa luta para enfim levar ao espaço um microcalorímetro de raios-x – um dispositivo usado para fazer medições extremamente precisas de energia em raios-x. Os resultados do estudo foram baseados em apenas uma amostra muito pequena obtida do microcalorímetro do Hitomi.
“As medições do Aglomerado de Perseu mostram o potencial do microcalorímetro de raios-x do Hitomi em transformar a nossa compreensão das velocidades de gás quente em todo o Universo”, diz Fabian.
 Fonte: UOL