sexta-feira, 26 de junho de 2015

Vênus e Júpiter darão um belo espetáculo nos próximos dias

 Até o fim de junho, olhe para o oeste durante o pôr do sol e depois que escurecer: os dois planetas vão ficar cada vez mais próximos até ficarem colados um no outro

Vênus, Júpiter e a Lua em foto do último sábado (20) (Foto: csath07 | flickr | creative commons)
Se você parou para curtir o pôr do sol em algum fim de tarde de junho, deve ter reparado em dois pontos bastante luminosos um pouco acima da linha do horizonte, naquela mesma direção oeste. Eram os planetas Vênus e Júpiter, os mais brilhantes do nosso céu noturno. No último fim de semana eles formaram um incrível triângulo junto da lua crescente, mas desde o começo do mês têm proporcionado um verdadeiro espetáculo aos amantes de astronomia. Enquanto ficam cada vez mais próximos um do outro, vão preparando o caminho para o gran finale que ocorre na terça da semana que vem (30).
Neste dia, os dois astros estarão em conjunção a uma impressionante distância aparente de ⅓ de grau um do outro. Eles vão estar tão grudados que podem se assemelhar a um único superplaneta e, se você estender seu dedo mindinho, conseguirá cobri-los por completo. O evento, que poderá ser contemplado de qualquer lugar do mundo, só deve se repetir em agosto de 2016. Um outro fator torna o encontro ainda mais especial: neste mês, as condições estão muito favoráveis para a observação de Vênus. Dependendo da data e do lugar, ele pode até ser visto durante o dia e tranquilamente durante o crepúsculo!
simulação mostra movimentação de Júpiter e Vênus em junho (Foto: astroblog | reprodução)
O bacana de eventos como esta conjunção é que eles dispensam equipamentos como telescópios ou binóculos - para enxergá-lo, é só olhar para onde o sol se põe. É claro que, se você tiver um telescópio, o show fica ainda mais interessante. Segundo a NASA, Vênus aparecerá em fase crescente e Júpiter estará acompanhado de suas luas. Mas se em nossos céus eles parecem estar se aproximando, é importante lembrar que isso não passa de um efeito de perspectiva causado pelo movimento dos planetas em torno do Sol. Ambos continuam a distantes 800 milhões de quilômetros um do outro, mas por estar mais perto de nossa estrela, Vênus se move mais rapidamente. De vez em quando, ele acaba “ultrapassando” o mais lento Júpiter, causando a conjunção.
Confira um vídeo da NASA sobre o evento (em inglês):
Disponível em:
http://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Espaco/noticia/2015/06/venus-e-jupiter-darao-um-belo-espetaculo-nos-proximos-dias.html

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Elemento químico é visto transformando-se em outro pela primeira vez

Elemento químico é visto pela primeira vez transformando-se em outro
A equipe precisou de paciência para flagrar o momento exato em que o iodo se transformava em telúrio. [Imagem: Sykes/Michaelides Labs]



Redação do Site Inovação Tecnológica - 18/06/2015
Alquimia moderna
Químicos conseguiram ver pela primeira vez um elemento químico transformando-se em outro.
E, durante esse processo, eles inesperadamente descobriram uma forma de tornar mais eficazes os tratamentos de radioterapia para o câncer.
Alex Pronschinske e seus colegas da Universidade de Tufts, nos Estados Unidos, flagraram todo o processo durante o qual o iodo-125, um isótopo radioativo usado em terapias contra o câncer, se transformava em telúrio-125, um isótopo não-radioativo do elemento telúrio.
A transformação de um elemento em outro foi documentada em um experimento no qual Pronschinske colocou o iodo-125 em uma única gota de água e a depositou sobre uma camada fina de ouro. Quando a água evaporou, os átomos de iodo se ligaram com o ouro.
Ele então colocou a amostra no microscópio, e ficou esperando para ver.
Meia-vida
Os átomos de iodo-125 têm uma meia-vida de 59 dias, o que significa que metade dos átomos de uma amostra desse radioisótopo irá decair nesse período, liberando uma grande quantidade de energia e se tornando um isótopo de telúrio.
O problema é saber o momento exato para olhar no microscópio e flagrar um único dos bilhões de átomos presentes na amostra passando por esse processo.
Isso exigiu que a equipe fizesse turnos de até 18 horas de trabalho durante várias semanas, até finalmente flagrar o processo de decaimento em toda a sua glória.
Elemento químico é visto pela primeira vez transformando-se em outro
Foto do aparato experimental onde a transformação foi observada. [Imagem: Alex Pronschinske et al. - 10.1038/nmat4323]
Alquimia para o câncer
A equipe descobriu que, durante o processo de decaimento, a emissão de elétrons de baixa energia do iodo-125 misturado com ouro é seis vezes maior do que a emissão do elemento radioativo isoladamente, como ele é usado hoje nas radioterapias.
Os elétrons de baixa energia são muito eficazes nos tratamentos oncológicos porque eles quebram o DNA das células doentes, mas viajam distâncias muito curtas, o que inibe sua ação sobre as células saudáveis - esses elétrons viajam apenas de 1 a 2 nanômetros, o que pode ajudar a tornar as radioterapias mais eficazes e mais precisas.
A equipe agora pretende fabricar novas amostras de iodo-125 sobre películas ou nanopartículas de ouro e testar seu uso em tratamentos oncológicos. As nanopartículas poderiam ser atreladas a anticorpos que as levem até os tumores, onde farão seu trabalho durante vários dias - até o decaimento de toda a fármaco -, afetando menos os tecidos saudáveis.
Bibliografia:

Enhancement of low-energy electron emission in 2-D radioactive films
Alex Pronschinske, Philipp Pedevilla, Colin J. Murphy, Emily A. Lewis, Felicia R. Lucci, Garth Brown, George Pappas, Angelos Michaelides, E. Charles H. Sykes
Nature Materials
Vol.: Published online
DOI: 10.1038/nmat4323
Fonte: Inovação Tecnológica

Fotobateria recarrega apenas com luz em 30s

Fotobateria recarrega apenas com luz em 30s
Aqui o protótipo da fotobateria é usado para girar um pequeno ventilador. [Imagem: Ravikumar Thimmappa et al. - 10.1021/acs.jpcc.5b02871]
Fotobateria
Ela parece ser um híbrido de bateria e célula solar.
Essa "fotobateria" recarrega em meros 30 segundos, sem precisar ser ligada na tomada ou em qualquer outra fonte de energia.
Tudo o que ela precisa é de luz ambiente, seja solar, seja artificial.
O protótipo ainda é pequeno, capaz de alimentar um LED ou fazer funcionar um pequeno ventilador, mas já suportou 100 ciclos de carga e descarga retendo até 72% da energia recebida pela luz.
Ravikumar Thimmappa e seus colegas do Instituto Indiano de Ciências e Pesquisas reconhecem que sua fotobateria ainda é pequena e não retém energia suficiente para alimentar os dispositivos móveis atuais, mas ressaltam que este é um primeiro passo promissor rumo a uma alternativa às baterias de íons metálicos - como as baterias de íons de lítio.
Titânio e ferro
A fotobateria possui um anodo de nitreto de titânio, que é sensível à luz e altamente estável, eliminando preocupações com componentes tóxicos e eventuais riscos de fogo e explosão. O catodo consiste em um composto à base de ferro, chamado hexacianoferrato.
"Nós mostramos uma estratégia alternativa para a produção de energia, na qual a luz é utilizada para acionar uma química de descarga no catodo de uma bateria recarregável aquosa," escreve a equipe.
"A fotobateria libera uma carga desprezível no escuro, mas a capacidade salta para 77,8 mAh/g quando iluminada por luz artificial, confirmando que a química da bateria é acionada pela luz," concluem.
Bibliografia:

Chemically Chargeable Photo Battery
Ravikumar Thimmappa, Bhuneshwar Paswan, Pramod Gaikwad, Mruthyunjayachari Chattanahalli Devendrachari, Harish Makri Nimbegondi Kotresh, Ramsundar Rani Mohan, Joy Pattayil Alias, Musthafa Ottakam Thotiyl
Journal of Physical Chemistry C
Vol.: Article ASAP
DOI: 10.1021/acs.jpcc.5b02871
Fonte: Inovação Tecnológica

terça-feira, 23 de junho de 2015

Gravidade explica fronteira entre mundos clássico e quântico

Redação do Site Inovação Tecnológica - 23/06/2015

Gravidade explica fronteira entre mundos clássico e quântico
Ilustração de uma molécula na presença da dilatação gravitacional do tempo. A molécula está em um estado de superposição quântica - ela está em vários lugares ao mesmo tempo - mas a dilatação do tempo destrói esse fenômeno quântico. [Imagem: Igor Pikovski, Harvard-Smithsonian Center for Astrophysic]
Fronteira clássico-quântico
Einstein fez história com sua teoria do espaço-tempo, voltada para as grandes dimensões, mas nunca se deu bem com a mecânica quântica, a outra bem-sucedida teoria do início do século passado, esta voltada para as pequenas dimensões.
Desde então, os físicos vêm tentando alinhavar essas duas teorias, mais especificamente, traçar a fronteira onde as esquisitices da mecânica quântica deixam de operar e passa a valer a mais intuitiva mecânica clássica.
Assim, não deixa de ser surpreendente a proposta agora feita por uma equipe das universidades de Viena (Áustria) e de Harvard (EUA).
Para Igor Pikovski e seus colegas, a força da gravidade, conforme descrita por Einstein, pode explicar a transição dos comportamentos quânticos para os comportamentos clássicos em razão do efeito que ela causa sobre o tempo, mais especificamente pela chamada dilatação temporal induzida pela gravidade de grandes massas, como planetas e estrelas.
Se eles estiverem certos, isto significa que muitos experimentos quânticos nunca poderão ser feitos com precisão adequada na superfície terrestre, devendo ser levados ao espaço para garantir resultados fiéis.
Dilatação do tempo destrói fenômenos quânticos
Segundo a teoria de Einstein, a gravidade é a manifestação da curvatura do espaço e do tempo, e o fluxo do tempo é alterado pela massa.
O que os físicos estão propondo agora é que é justamente essa dilatação do tempo causada pela gravidade que causa a supressão dos efeitos quânticos nas escalas maiores.
Eles calcularam que, conforme as partículas na dimensão dos átomos começam a se aglutinar e formar objetos maiores - das moléculas para cima - a dilatação do tempo gerada pela gravidade da Terra suprime o comportamento quântico dessas partículas.
As minúsculas partículas agitam-se continuamente, mesmo quando formam objetos maiores. E esse movimento também é afetado pela dilatação do tempo: ele é retardado no chão e acelerado em altitudes mais elevadas.
É essa assimetria, argumenta a equipe, que causa a chamada decoerência, a perda de "conexão" entre os estados quânticos que dá tanta dor de cabeça aos pesquisadores que estão trabalhando com qubits na tentativa de construircomputadores quânticos.
A equipe conseguiu demonstrar que este efeito destrói a superposição quântica e, assim, obriga os objetos maiores a se comportar de forma clássica, como esperamos na vida cotidiana, em que cada coisa fica no seu lugar, e só num lugar de cada vez.
Por exemplo, se um experimento tentar colocar 1 grama de carbono - 1023átomos de carbono - em uma superposição de dois estados, bastará deslocar a amostra verticalmente em 1 micrômetro no campo gravitacional da Terra para que a decoerência se desfaça em 1 milissegundo.
Escalas cosmológicas
Se esses cálculos forem confirmados por experimentos - eventualmente feitos com relógios atômicos muito precisos -, obviamente pode haver outras implicações além de mandar os experimentos quânticos para a Estação Espacial ou mesmo ainda para mais longe.
"Falta ver o que esses resultados implicam em escalas cosmológicas, onde a gravidade pode ser muito mais forte," antecipou o professor Caslav Brukner, membro da equipe.
Bibliografia:

Universal decoherence due to gravitational time dilation. , 2015; DOI:
Igor Pikovski, Magdalena Zych, Fabio Costa, Caslav Brukner
Nature Physics
Vol.: Published online
DOI: 10.1038/nphys3366

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Supernova lança novas dúvidas sobre energia escura

Redação do Site Inovação Tecnológica - 29/05/2015

Supernova lança novas dúvidas sobre energia escura
Neste instantâneo de uma simulação em computador, a supernova explode (marrom), ejetando material a 10.000 km/s, atingindo a estrela companheira (azul) e liberando um forte pulso ultravioleta. [Imagem: Dan Kasen]
Dúvidas sobre a energia escura
Há algumas semanas, um artigo publicado no renomado The Astrophysical Journal apresentou indícios de que as supernovas, as maiores explosões do Universo, podem não ser todas iguais.
Isto tem largas implicações sobre as atuais teorias cosmológicas porque as supernovas são usadas para medir as grandes distâncias no Universo - ora, se o "metro" muda, então a distância também muda.
Foram as medições baseadas nas supernovas do tipo Ia que levaram às teorias da expansão do Universo, da aceleração da expansão do Universo e, por decorrência, da energia escura - a força invisível que estaria por trás dessa expansão.
Em uma palavra, se aqueles dados então publicados estiverem corretos, oUniverso pode não estar se expandindo tão rapidamente. Além de lançar dúvidas sobre a energia escura, isto tem implicações sobre o que se imagina ser o destino final do Universo, que poderia então acabar em um "vazio escuro".
Origem das supernovas
Agora, todas essas suspeitas ganharam um reforço significativo com a primeira observação direta de um fenômeno que mostra que as supernovas podem surgir de fenômenos distintos, o que as torna de fato diferentes.
Yi Cao e seus colegas do Instituto de Tecnologia da Califórnia capturaram o momento exato da explosão de uma supernova, obtendo a primeira evidência observacional de um modelo de origem dessas explosões cósmicas que até agora era apenas especulativo.
Supernova lança novas dúvidas sobre energia escura
A gigantesca câmera DeCAM está atualmente tentando enxergar indícios da Energia Escura. [Imagem: Reidar Hahn/DES]
Acredita-se que as supernovas surjam da explosão de uma anã branca, explosão esta ocasionada pela interação dessa anã branca com seu par - ambas formam um binário, que orbita um centro de massa comum.
O modelo mais aceito até agora para essa interação - conhecido como modelo de dupla degeneração - propõe que o outro membro do binário também é uma anã branca, e que a supernova tipo Ia se origina quando as duas se chocam e se fundem.
Mas há um segundo modelo - chamado modelo de degeneração simples - no qual a segunda estrela pode ser uma gigante vermelha ou mesmo uma estrela similar ao Sol, cuja massa é sugada pela anã branca. Esse processo aumenta continuamente a temperatura e a pressão no centro da anã branca, até atingir as condições de ignição da fusão do carbono, uma reação nuclear que ocasiona a gigantesca explosão.
Pulso ultravioleta
Esta foi a primeira vez que se coletaram dados diretos validando este segundo modelo. Isto pode ser explicado pelo fato de que supernovas são eventos muito raros e, para coletar dados que permitam inferir sua origem, é necessário estar olhando diretamente para elas quando elas acontecem.
A observação consistiu na captura de um pulso de radiação ultravioleta emitido pela supernova iPTF14atg que é compatível com a massa explosiva da anã branca chocando-se com uma estrela companheira, o que valida o modelo da degeneração simples. Observações anteriores de outras supernovas, como a SN2011fe, já haviam validado o modelo da dupla degeneração.
Agora, confirmando que as supernovas Ia não são todas iguais, os astrônomos terão que tentar verificar o percentual de cada tipo e se certificar de usar supernovas do mesmo tipo para tentar revalidar ou questionar as medições que deram origem ao modelo da energia escura.
Bibliografia:

A strong ultraviolet pulse from a newborn type Ia supernova
Yi Cao, S. R. Kulkarni, D. Andrew Howell, Avishay Gal-Yam, Mansi M. Kasliwal, Stefano Valenti, J. Johansson, R. Amanullah, A. Goobar, J. Sollerman, F. Taddia, Assaf Horesh, Ilan Sagiv, S. Bradley Cenko, Peter E. Nugent, Iair Arcavi, Jason Surace, P. R. Wozniak, Daniela I. Moody, Umaa D. Rebbapragada, Brian D. Bue, Neil Gehrels
Nature
Vol.: 521, 328-331
DOI: 10.1038/nature14440

Fonte: Inovação Tecnológica

Nasa desmente rumor sobre fim do mundo


RIO — Um rumor de que a Terra será atingida por um asteroide em setembro deste ano, extinguindo a vida no planeta, vem circulando pela internet nos últimos dias e ganhando força entre entusiastas de teorias da conspiração nas redes sociais. Tanto que, diante do burburinho on-line, um porta-voz da Nasa negou publicamente o suposto fim do planeta.
"A Nasa desconhece que asteroides ou cometas estejam atualmente em rota de colisão com a Terra, então a probabilidade disso é bastante pequena. Na verdade, pelo que sabemos, nenhum grande objeto tem chances de se chocar com a Terra nas próximas centenas de anos, disse o porta-voz da Nasa, segundo o site "Yahoo News".
Os rumores dão conta de que governos e líderes mundiais teriam sido informados sobre o "iminente" fim do planeta, mas não estariam revelando a informação para evitar um pânico generalizado.
De acordo com o site "The Inquisitr", o rumor teria se originado com o autoproclamado profeta Rev Efrain Rodriguez, que afirmou ter previsto a destruição do planeta após "receber uma mensagem de Deus". Rodriguez afirma que o asteroide atingiria o planeta próximo à região de Porto Rico, originando terremotos e tsunamis que devastariam a costa leste dos EUA, do México e da América Central e Latina.
Outros rumores, no entanto, dão conta de quem o fim do mundo em setembro teria início com uma catástrofe climática, ou com um acidente no Grande Colisor de Partículas (LHC, na sigla original), da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern, no original).


Fonte: http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/nasa-desmente-rumor-sobre-fim-do-mundo-16394142

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Descobertos tubos magnéticos ao redor da Terra

Redação do Site Inovação Tecnológica - 02/06/2015

Campo magnético da Terra não tem linhas, tem tubos
Visualização artística das estruturas em formato de tubo criadas pelo campo magnético da Terra. [Imagem: CAASTRO/Mats Bjorklund]
Tubos magnéticos
Usando um instrumento construído para observar galáxias a bilhões de anos-luz de distância, astrônomos australianos detectaram estruturas tubulares a umas poucas centenas de quilômetros acima da superfície da Terra.
"Por mais de 60 anos, os cientistas acreditavam que essas estruturas existiam, mas, ao produzir imagens delas pela primeira vez, nós fornecemos evidências visuais que elas estão realmente lá," disse Cleo Loi, da Universidade de Sydney.
As estruturas tubulares são a versão real das linhas tradicionalmente utilizadas para ilustrar o campo magnético terrestre. Na verdade, não são linhas, mas tubos de formatos muito dinâmicos, de várias espessuras, que ficam mudando o tempo todo - de fato, a equipe conseguiu fazer um filme, mostrando todo esse dinamismo ao longo de uma noite.
Os astrônomos fizeram as observações com o radiotelescópio MWA (Murchison Widefield Array), que foi projetado para observar as galáxias do Universo primordial, assim como estrelas e nebulosas dentro de nossa própria galáxia.
Mas usaram essa radiação distante para detectar alterações em nossa própria atmosfera.
Campo magnético da Terra não tem linhas, tem tubos
A formação dos dutos magnéticos está associada com as linhas do campo magnético da Terra e sua interação com a radiação solar. [Imagem: CAASTRO]
Magnetosfera e Plasmasfera
Conforme a luz de uma galáxia passa através das camadas na magnetosfera da Terra, o caminho da luz - e, portanto, a posição aparente da galáxia - é alterada por variações na densidade dessas camadas. O efeito é similar a olhar para cima do fundo de uma piscina, vendo as distorções causadas pelas ondas na superfície.
Mapeando as variações nas posições de múltiplas fontes de rádio ao longo de uma noite, foi possível mapear as distorções e decifrar a forma e as dimensões das estruturas tubulares.
Os dutos observados, imediatamente acima do radiotelescópio MWA, estão entre 500 e 700 km acima da superfície, alinhados com o campo magnético da Terra e seguindo a curvatura esperada conforme ascendem ou mergulham a partir do planeta.
As estruturas tubulares estão na plasmasfera, uma camada logo abaixo da ionosfera. Agora que a técnica de observação foi desenvolvida, outros radiotelescópios poderão mapear os tubos magnéticos em outros pontos da Terra, eventualmente chegando a um mapa planetário completo das estruturas.
"As estruturas são extraordinariamente organizadas, aparecendo como tubos regularmente espaçados alternando subdensidades e sobredensidades, fortemente alinhados com o campo magnético da Terra. Estes resultados representam a primeira evidência visual direta da existência de tais estruturas," escreveram os pesquisadores.
Bibliografia:

Real-time imaging of density ducts between the plasmasphere and ionosphere
Shyeh Tjing Loi, Tara Murphy, Iver H. Cairns, Frederick W. Menk, Colin L. Waters, Philip J. Erickson, Cathryn M. Trott, Natasha Hurley-Walker, John Morgan, Emil Lenc, Andre R. Offringa, Martin E. Bell, Ronald D. Ekers, B. M. Gaensler, Colin J. Lonsdale, Lu Feng, Paul J. Hancock, David L. Kaplan, G. Bernardi, J. D. Bowman, F. Briggs, R. J. Cappallo, A. A. Deshpande, L. J. Greenhill, B. J. Hazelton, M. Johnston-Hollitt, S. R. McWhirter, D. A. Mitchell, M. F. Morales, E. Morgan, D. Oberoi, S. M. Ord, T. Prabu, N. Udaya Shankar, K. S. Srivani, R. Subrahmanyan, S. J. Tingay, R. B. Wayth, R. L. Webster, A. Williams, C. L. Williams
Geophysical Research Letters
Vol.: Early View
DOI: 10.1002/2015GL063699
http://arxiv.org/abs/1504.06470
Disponível em: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=tubos-magneticos-ao-redor-da-terra&id=010130150602&ebol=sim#.VW7nZs9Viko

terça-feira, 2 de junho de 2015

Clube de astronomia consegue ajuda e vai receber doação dos EUA

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Ontem, falamos por aqui sobre o clube de astronomia que recebeu 2.600 óculos de papel – especiais para observar o Sol – de uma entidade americana sem fins lucrativos, mas teria que pagar R$ 2.700 em impostos e multa para a Receita Federal. O prazo acabava ontem, senão os óculos voltariam para os EUA.
Boa notícia: o Clube de Astronomia Louis Cruls, em Campos dos Goytacazes (RJ), conseguiu que o valor da multa fosse desconsiderado, e um bom samaritano vai pagar os impostos.
O físico Marcelo de Souza, diretor-geral do clube de astronomia, conta ao Gizmodo Brasil que inicialmente planejava receber doações – “várias pessoas se ofereceram para nos ajudar” – mas estava relutante em abrir uma campanha pública. “Estamos pensando em conversar com quem já ofereceu ajuda e, quando alcançarmos o valor, não aceitarmos mais doações”, disse Marcelo.
Hoje, eles conseguiram resolver a questão do pagamento da multa, que tinha o valor de R$ 1.352,74. Segundo Marcelo, “o FEDEX me informou que acompanhou o que estava ocorrendo pelas redes sociais e ofereceu um grande apoio”. No Facebook, o clube afirma que “não houve qualquer mudança em relação à decisão da Receita Federal”.
No entanto, ainda faltava pagar R$ 1.355,36 de impostos e tributos. Aí entra a Editora Blucher: ela se comprometeu a cobrir esse valor.
Nota fiscal Fedex
Conversamos por telefone com Eduardo Blücher, que comanda a empresa desde 2002. Ele diz: “um amigo me enviou pelo WhatsApp a tela do Gizmodo dizendo o que tinha acontecido. Em vez de reclamar sobre mais uma coisa que não está funcionando, decidimos fazemos uma diferença”.
A editora é especializada em publicar livros científicos, e Eduardo nota a semelhança na dificuldade em liberar os óculos na alfândega e em atuar na área de ciência:
Publicar ciência no Brasil não é coisa fácil, é uma tarefa hercúlea. Fazemos isso nessa editora há 60 anos. Temos livros de astronomia, física, matemática, livros de hard science difíceis de vender no mercado. Quando soubemos desse caso, deu uma comoção aqui no pessoal.
A ideia de ajudar o clube partiu da equipe que trabalha na editora, ressalta Eduardo. Eles acharam o contato com o professor Marcelo, ele retornou e o resto é história. O Fedex enviará o boleto nesta quarta-feira, e depois que o pagamento for efetuado, a doação será liberada pela alfândega.
Oculos para ver sol
Fotos por International SUNday/Facebook
Os óculos foram um presente do Charlie Bates Solar Astronomy Project, instituição americana sem fins lucrativos, para observar o Sol durante o solstício de inverno, que ocorre em 21 de junho e marca o início do inverno no hemisfério sul.
Stephen Ramsden, diretor do Charlie Bates, publicou um vídeo no Facebook em apoio ao clube Louis Cruls, lembrando que os óculos têm o aviso “NOT FOR RESALE” (venda proibida) e portanto deveriam ser considerados uma doação.
NOT FOR RESALE
Ramsden diz no vídeo que ficou motivou a doar os óculos após o 8º Encontro Internacional de Astronomia e Astronáutica, realizado pelo clube em abril:
O encontro foi fantástico, e eu quis incluir o Brasil em eventos futuros. Em 21 de junho deste ano, teremos uma grande comemoração global chamada International Sun Day, e eu escolhi Marcelo e o Brasil para fazer parte deste projeto. Eu enviei três mil pares de óculos para ver o Sol, para que Marcelo pudesse distribuí-los em seu programa de educação científica sem fins lucrativos.
O Clube de Astronomia Louis Cruls comanda o Projeto Cientista Criativo, que dá aulas de astronomia, eletrônica, robótica e cosmologia para estudantes em Campos dos Goytacazes; e trabalha para encontrar asteroides estudando imagens capturadas por telescópios americanos. Com isso, Campos foi a cidade que mais descobriu asteroides nos últimos nove anos.
Foto por Erlon Márcio Couto Alves/Facebook


Disponível em: http://gizmodo.uol.com.br/clube-astronomia-resolve-oculos/