sábado, 30 de março de 2019

Website disponibiliza gratuitamente todos os episódios da série “Cosmos: A Personal Voyage”, do astrônomo Carl Sagan


(Créditos da imagem: Reprodução).
“Cosmos: A Personal Voyage” (Cosmos: Uma Viagem Pessoal) foi uma série de TV realizada por Carl Sagan e sua esposa Ann Druyan, produzida pela KCET e Carl Sagan Productions, em associação com a BBC e a Polytel International, veiculada na PBS em 1980. A série Cosmos é um dos mais formidáveis exemplos da amplitude e eficácia que a divulgação científica pode atingir por meios audiovisuais, quando servida por uma personalidade carismática como Carl Sagan e por meios técnicos adequados. 
É preciso observar, no entanto, que há assuntos que podem estar desatualizados, pois a série foi produzida há mais de trinta anos. O website “Documentários Online” disponibiliza todos os episódios da série com dublagem em português. 

 Para assistir, clique aqui.

Cosmos: A Spacetime Odyssey


Disponível em: https://ciencianautas.com/website-disponibiliza-gratuitamente-todos-os-episodios-da-serie-cosmos-personal-voyage-do-astronomo-carl-sagan/?fbclid=IwAR2xlePY0bDzH-qTyaSQeZb61AYCTc8w2G6gnnTl2Fp6X_CdB1u2z33GaOQ

sábado, 23 de março de 2019

Físicos descobrem exóticos elétrons espiralantes

Físicos descobrem exóticos elétrons espiralantes
Os dois tipos de "excitons quirais de superfície" estão nos lados direito e esquerdo da imagem. Eles são gerados por luz polarizada à direita e à esquerda (fótons em azul). Os excitons consistem em um elétron (azul claro) orbitando uma lacuna (preto) na mesma orientação da luz. O elétron e a lacuna são aniquilados em menos de um trilionésimo de segundo, emitindo luz (fótons em verde) que pode ser aproveitada para iluminação, células solares, lasers e telas.[Imagem: Hsiang-Hsi Kung/Rutgers]
Exciton quiral de superfície
Físicos descobriram uma forma exótica de elétron que pode levar a avanços em iluminação, células solares, lasers e telas eletrônicas.
Girando como planetas, esses elétrons consistem de partículas e "antipartículas" orbitando em torno umas das outras na superfície de materiais sólidos - não se trata de antimatéria, mas de partículas com cargas opostas.
Essas partículas exóticas - ou quasipartículas - foram batizadas de "excitons quirais de superfície".
Excitons se formam quando uma luz intensa atinge um sólido, chutando elétrons carregados negativamente de suas posições e deixando para trás lacunas positivamente carregadas - os elétrons ejetados formam plásmons de superfície, outra quasipartícula de grande interesse tecnológico.
Quiral refere-se a entidades, como suas mãos direita e esquerda, que correspondem, mas são assimétricas, não podendo uma ser sobreposta à sua imagem espelhada. A quiralidade da nova quasipartícula depende da polarização da luz que a produz.
Os elétrons e lacunas gerados nesse processo se assemelham a piões girando rapidamente. Os elétrons (cargas negativas) eventualmente "espiralam" em direção às lacunas (cargas positivas), aniquilando um ao outro em menos de um trilionésimo de segundo, o que resulta na emissão de um tipo de luz chamada fotoluminescência.
A fotoluminescência está envolvida em inúmeras aplicações tecnológicas, como células solares, lasers, LEDs, telas etc. Assim, a produção controlada de luz pela produção de excitons quirais de superfície poderá eventualmente ser explorada em todos esses dispositivos.
Seleneto de bismuto
Hsiang-Hsi Kung e seus colegas da Universidade Rutgers, nos EUA, descobriram os excitons quirais na superfície de um cristal chamado seleneto de bismuto, que pode ser produzido em larga escala e usado em revestimentos e outros materiais em eletrônica - tudo a temperatura ambiente.
Esse cristal já havia sido usado para sintetizar uma substância bizarra que unifica a spintrônica e a computação quântica. E, em sua superfície, também foi descoberto, em 2013, um então inédito acoplamento entre fóton e elétron, unindo matéria e energia.
"O seleneto de bismuto é um composto fascinante que pertence a uma família de materiais quânticos chamados 'isolantes topológicos'. Eles têm vários canais na superfície que são altamente eficientes na condução de eletricidade," contou o professor Girsh Blumberg.
A dinâmica dos excitons quirais ainda não está clara e a equipe pretende a seguir usar imagens ultrarrápidas para estudá-la a fundo. Eles também avaliam que os excitons quirais de superfície poderão ser encontrados em outros materiais.

Bibliografia:

Observation of chiral surface excitons in a topological insulator Bi2Se3
Hsiang-Hsi Kung, Adamya P. Goyal, Dmitrii L. Maslov, Xueyun Wang, Alexander Lee, Alexander F. Kemper, Sang-Wook Cheong, Girsh Blumberg
Proceedings of the National Academy of Sciences
DOI: 10.1073/pnas.1813514116
Fonte: Inovação tecnológica

Filosofia: O que é exatamente um Buraco Negro?

Filosofia: O que é exatamente um Buraco Negro?
Impressionantes e desafiadores, os buracos negros bem podem ser considerados um "buraco negro" metafórico, onde cabem ideias de vários tipos. [Imagem: ESO/Gravity Consortium/L. Calçada]
Definição de buraco negro
O que é um buraco negro?
Faça essa pergunta a 10 físicos e você obterá umas 11 respostas diferentes - levando em conta que alguns dirão que buracos negros não existem.
Controvérsias à parte, um buraco negro é convencionalmente considerado como um objeto astronômico que consome irrevogavelmente toda a matéria e radiação que calhe de entrar em esfera de influência, conhecida como horizonte de eventos.
Fisicamente, um buraco negro é definido pela presença de uma singularidade, isto é, uma região do espaço, delimitada pelo horizonte de eventos, dentro da qual a densidade massa/energia se torna infinita e as leis da física, normalmente bem comportadas, não mais se aplicam.
No entanto, um artigo publicado na última edição da revista Nature Astronomy, o professor Erik Curiel, do Centro de Filosofia Matemática da Universidade Ludwig-Maximilians, afirma que estamos longe de contar com uma definição precisa e de comum acordo entre os cientistas desse estado "singular".
"As propriedades dos buracos negros são objeto de investigações em uma série de subdisciplinas da física - na física óptica, na física quântica e, é claro, na astrofísica. Mas cada uma dessas especialidades aborda o problema com um conjunto específico de conceitos teóricos.
"Fenômenos como os buracos negros pertencem a um reino inacessível à observação e à experimentação. Trabalhos baseados na suposição de que buracos negros existem, portanto, envolvem um nível de especulação que é incomum até para o campo da física teórica," escreveu Curiel.
Definição filosófica de buraco negro
Durante a preparação de sua análise filosófica do conceito de buracos negros descrita neste artigo, o autor conversou com físicos envolvidos em uma ampla gama de campos de pesquisa. No decorrer dessas conversas, ele recebeu diferentes definições de um buraco negro.
É importante ressaltar, no entanto, que cada definição foi usada de maneira consistente dentro dos limites da disciplina especializada em questão.
Filosofia: O que é exatamente um Buraco Negro?
Cada subdisciplina da física tem sua própria definição de buraco negro. [Imagem: Erik Curiel - 10.1038/s41550-018-0602-1]
O próprio Curiel descreve essas discussões como "surpreendentes" e "reveladoras", com os conceitos "subdisciplinares" fazendo todo o sentido entre os estudiosos daquela subdisciplina, mas não necessariamente coerente com outras subdisciplinas.
Para o astrofísico Abraham Loeb, por exemplo, "um buraco negro é a prisão final: depois de fazer o check-in, você nunca poderá sair". Por outro lado, o físico teórico Domenico Giulini considera "conceitualmente problemático pensar nos buracos negros como objetos no espaço, coisas que podem se mover e ser empurradas".
Essa declaração pode parecer surpreendente, mas os físicos lidam com os buracos negros usando equações matemáticas bastante simplificadoras, dada a impossibilidade de observá-los diretamente.
No lado experimental, recentemente ganhou grande divulgação um experimento onde se usa ralos de pia para criar "análogos de buracos negros", com a água espiralando rumo ao ralo equivalendo à matéria e radiação caindo em direção ao buraco negro. Por válidos que sejam esses experimentos - é necessário começar de algum ponto e de forma pensadamente simplificada - e os insights que eles geram, os físicos sabem que um vórtice equivale a apenas um ponto - geometricamente falando - do corpo celeste em questão. Mas cada ponto do buraco negro geraria igualmente uma atração e seu próprio vórtice, com todos então entrando em interação uns com os outros, criando uma balbúrdia impossível de destrinchar - nem matemática temos ainda para isso.
Mas, quando se parte para uma discussão filosófica, é necessário avançar "daquilo que podemos conhecer" no estágio atual para o "conhecível", levando tudo em conta.
Cautela com a diversidade
Ouvidos os principais envolvidos, a mensagem final de Curiel é que a própria diversidade de definições de buracos negros é um sinal positivo, permitindo que os físicos abordem o fenômeno a partir de uma variedade de perspectivas físicas.
No entanto, a fim de fazer um uso produtivo dessa diversidade de pontos de vista, seria importante cultivar uma maior consciência das diferenças de ênfase entre eles, recomenda.
Afinal, cientistas de diferentes especialidades poderão estar falando "Sim, buracos negros existem", mas cada um pode estar falando de "objetos" diferentes, o que é particularmente problemático quando se tenta transferir conclusões de um campo de pesquisas para outro, escreveu Curiel.

Bibliografia:

The many definitions of a black hole
Erik Curiel
Nature Astronomy
Vol.: 3, pages 27-34
DOI: 10.1038/s41550-018-0602-1
Fonte: Inovação Tecnológica

segunda-feira, 18 de março de 2019

Geologia de exoplanetas sugere vida espalhada pela galáxia

Com informações da Agência Fapesp -  

Vida pela galáxia: Geologia planetária indica grandes possibilidades
Pesquisadores encontraram indícios da existência de exoplanetas rochosos com alta probabilidade de apresentarem tectonismo, o que aumenta a chance de também serem habitáveis.[Imagem: R. Hurt / NASA]











Geologia da vida
Uma das condições que permitiram o surgimento e a manutenção da vida na Terra é o fato de o planeta ser geologicamente ativo, com terremotos e vulcões.
A atividade vulcânica, gerada pela movimentação das placas tectônicas sobre o manto terrestre possibilita reciclar gases, como o dióxido de carbono, através do manto, da crosta, da atmosfera e dos oceanos. Dessa forma, esse tectonismo contribui para tornar a Terra habitável ao manter a temperatura do planeta em condições ideais para a sobrevivência dos seres vivos.
Com base nesse entendimento, pesquisadores do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) saíram em busca de exoplanetas rochosos na nossa galáxia com altas probabilidades de apresentarem tectonismo, o que aumentaria a chance de também serem habitáveis.
Eles encontraram muitos, sugerindo a possibilidade de haver vida espalhada por toda a Via Láctea.
"Verificamos que há condições geológicas favoráveis para o surgimento e a manutenção da vida em exoplanetas rochosos, e que ela [a vida] pode estar espalhada por todo o disco da galáxia e ter-se originado em qualquer época da evolução da Via Láctea," disse o professor Jorge Luis Melendez Moreno.
Exoplanetas geologicamente ativos
Os pesquisadores determinaram os parâmetros superficiais, as massas e as idades de 53 gêmeas solares - estrelas similares ao nosso Sol - situadas em diferentes pontos da Via Láctea. Além disso, analisaram a composição química dessas estrelas gêmeas solares a fim de avaliar a possibilidade de existência de outros planetas rochosos em torno delas.
As análises foram feitas por meio de um espectrógrafo chamado HARPS, instalado no telescópio de 3,6 metros do Observatório de La Silla, do Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile. O equipamento registra o espectro eletromagnético de "cores" dos corpos celestes, dos comprimentos de onda mais curtos (ultravioleta) aos mais longos (infravermelho).
Vida pela galáxia: Geologia planetária indica grandes possibilidades
Há mais planetas que estrelas na Via Láctea - e milhões deles podem ter condições de vida. [Imagem: ESO/M. Kornmesser]
As análises indicaram que as estrelas apresentam grande abundância de tório - elemento radioativo com isótopos instáveis que, ao se romper, em razão da instabilidade atômica, se divide em isótopos menores que emitem energia, processo conhecido como decaimento radioativo.
A energia liberada pelo decaimento de isótopos instáveis, tanto de tório como de outros elementos radioativos, como urânio e potássio, dá origem à movimentação de magma (convecção do manto) e à atividade tectônica da Terra. Parte do calor interno do planeta é resquício do calor primordial da formação da Terra, mas pelo menos a metade da energia é devida ao decaimento radioativo.
Dessa forma, as concentrações iniciais desses elementos radioativos em um planeta rochoso contribuem de modo indireto para a habitabilidade em sua superfície, especialmente devido ao longo tempo de decaimento, em escalas de bilhões de anos, explicam os pesquisadores.
"As concentrações de tório nas estrelas gêmeas indicam que há uma grande quantidade de energia disponível pelo decaimento desse elemento radioativo para manter a convecção do manto e o tectonismo em potenciais planetas rochosos que possam existir em torno de gêmeas solares," afirmou o pesquisador Rafael Botelho.
Vida pela galáxia
A abundância inicial de tório nas gêmeas solares foi comparada com as de ferro, silício - um indicador da espessura e massa do manto convectivo em planetas rochosos - e mais dois elementos pesados: o neodímio e o európio. As medidas indicaram que a razão tório-silício em gêmeas do Sol aumenta com o tempo, e que foi maior ou, no mínimo, igual ao valor solar desde a formação do disco da galáxia.
"Há indícios de que o tório também é abundante em gêmeas solares velhas. Isso significa que o disco da Via Láctea pode estar repleto de vida," disse André Milone, orientador da pesquisa.
Esta conclusão está de acordo com estudos que usaram outras técnicas para mostrar que a Via Láctea pode ter 100 milhões de planetas habitáveis.

Bibliografia:

Thorium in solar twins: implications for habitability in rocky planets
Rafael B. Botelho, Andre de C. Milone, Jorge Melendez, Megan Bedell, Lorenzo Spina, Martin Asplund, Leonardo dos Santos, Jacob L. Bean, Ivan Ramirez, David Yong, Stefan Dreizler, Alan Alves-Brito, Jonh Yana Galarza
Monthly Notices of the Royal Astronomical Society
Vol.: 482, Issue 2, 11 January 2019, Pages 1690-1700
DOI: 10.1093/mnras/sty2791
Disponível 

NASA faz imagens espetaculares de ondas de choque interagindo entre si


Pela primeira vez na história, a NASA foi capaz de fotografar ondas de choque interagindo entre si. A agência testou com sucesso uma tecnologia fotográfica aérea, capturando as imagens da interação entre as ondas causadas por duas aeronaves supersônicas durante o voo. As imagens são tão espetaculares que até os cientistas se surpreenderam. “Nós nunca sonhamos que (as imagens) seriam tão claras, tão lindas”, confessa o físico J.T. Heineck do Ames Research Center da NASA, em matéria publicada no site da agência. Além de bonitas, as imagens podem ser muito úteis e ajudar no desenvolvimento de voos comerciais supersônicos.



Um dos maiores desafios dos pesquisadores foi acertar o tempo das imagens. A NASA colocou no ar um avião B-200, equipado com um sistema de imagem atualizado, a cerca de 30.000 pés (9 mil metros) de altitude, enquanto um par de jatos T-38s devia não só permanecer em formação, como voar em velocidades supersônicas no exato momento em que eles estivessem diretamente abaixo do B-200, para que a foto fosse tirada. As imagens foram capturadas foram resultado de todas as três aeronaves estarem no lugar exato e na hora exata designada pela equipe de operações da NASA.- uma técnica desenvolvida por mais de 10 anos.




“Estou extasiado com o resultado dessas imagens. Com este sistema atualizado, aumentamos a velocidade e a qualidade de nossas imagens em pesquisas anteriores”, confirma o pesquisador.

Choque


Normalmente, quando um avião voa pelo céu, ele abre caminho através das moléculas na atmosfera. Na velocidade do som, no entanto, essas moléculas simplesmente não conseguem escapar rápido o suficiente da aeronave, então elas começam a se comprimir, aumentando a pressão na frente do avião.
Quando o avião acelera mais rápido que a velocidade do som, ele rompe essa barreira invisível de resistência, causando uma rápida mudança na pressão que chamamos de onda de choque.
O sistema de imagens desenvolvido pela agência espacial americana é capaz de capturar imagens de alta qualidade das ondas de choque, essas mudanças rápidas de pressão que são produzidas quando a aeronave voa mais rápido que a velocidade do som. Ondas de choque produzidas por aeronaves se fundem enquanto viajam pela atmosfera e são responsáveis ​​pelo estrondo sônico que é ouvido no solo.

O sistema será usado para o projeto X-59 Quiet SuperSonic Technology X-plane da agência, ou X-59 QueSST, um jato supersônico que produzirá ondas de choque de tal forma que, em vez de um alto estrondo sônico, apenas um ruído silencioso poderá ser ouvido. Segundo a matéria da agência, a capacidade de voo supersônico sem um estrondo pode um dia resultar na retirada de restrições atuais a voos supersônicos.As imagens conseguidas pela NASA mostram o par de jatos T-38 da Escola de Pilotos de Testes da Força Aérea dos EUA na Base Aérea de Edwards, voando em formação em velocidades supersônicas. Os T-38s estão voando a aproximadamente 9 metros de distância um do outro, com a aeronave à direita voando cerca de 3 metros abaixo da outra. Com clareza excepcional, o fluxo das ondas de choque de ambas as aeronaves é visto e, pela primeira vez, a interação dos choques pode ser vista em voo.

“Estamos olhando para um fluxo supersônico, e é por isso que estamos recebendo essas ondas de choque. O que é interessante é que, se você olhar para a traseira do T-38, verá que esses choques interagem em uma curva. Isso ocorre porque o T-38 de trás está voando na esteira da aeronave líder, então as ondas de choque vão ter uma forma diferente. Esses dados realmente nos ajudarão a avançar nossa compreensão de como esses choques interagem”, explica Neal Smith, engenheiro de pesquisa da AerospaceComputing Inc., do laboratório de mecânica de fluidos da NASA, também na matéria publicada no site da agência.

Testes de voo


O estudo de como as ondas de choque interagem umas com as outras e com as partes da própria aeronave tem sido alvo de interesse dos pesquisadores. Uma missão futura usará o X-59 para fornecer a reguladores dados estatisticamente válidos necessários para possíveis mudanças na regulamentação, a fim de possibilitar voos comerciais supersônicos silenciosos.

“Estamos vendo um nível de detalhes físicos aqui que eu acho que ninguém nunca viu antes. Olhando os dados pela primeira vez, acho que as coisas funcionaram melhor do que imaginávamos. Este é um passo muito grande”, diz Dan Banks, engenheiro sênior de pesquisa da NASA Armstrong
Imagens adicionais feitas pela missão incluíram uma foto de um único T-38 em voo supersônico (victo acima), bem como uma aeronave T-34 de baixa velocidade, para testar a viabilidade de visualizar os vórtices da asa e dos flaps de uma aeronave usando o sistema AirBOS.

Os aviões estavam passando a velocidades supersônicas aproximadamente 2.000 pés (cerca de 600 metros) abaixo da aeronave que tirou as fotos. “O maior desafio foi tentar conseguir o tempo certo para garantir que poderíamos obter essas imagens. Estou absolutamente feliz com a forma como a equipe conseguiu fazer isso. Nossa equipe de operações já fez esse tipo de manobra antes. Eles sabem como alinhar as aeronaves, e nossos pilotos da NASA e da Força Aérea fizeram um ótimo trabalho estando onde precisavam estar”, comemora Heather Maliska, gerente do subprojeto da AirBOS.

“Os dados dos voos da AirBOS continuarão a ser analisados, ajudando a NASA a aperfeiçoar as técnicas para esses testes, a fim de melhorar ainda mais os dados, com voos futuros em altitudes mais elevadas. Esses esforços ajudarão no avanço do conhecimento sobre as características das ondas de choque, à medida que a NASA avança em direção a voos silenciosos de pesquisa supersônica com o X-59 e se aproxima de um importante marco na aviação”, finaliza o texto da agência. [Science AlertGizmodoNASA]

Físicos revertem o tempo usando um computador quântico



























Pesquisadores do Instituto de Física e Tecnologia de Moscou (Rússia), em colaboração com cientistas dos EUA e da Suíça, inverteram o tempo em um experimento quântico.
O que eles fizeram foi devolver o estado de um computador quântico uma fração de segundo ao passado.

Os cientistas também calcularam a probabilidade de um elétron no espaço interestelar vazio viajar espontaneamente de volta ao seu passado recente – descobrindo que isso ocorreria apenas uma vez em toda a história do universo.
“Este é um de uma série de artigos sobre a possibilidade de violar a segunda lei da termodinâmica. Essa lei está intimamente relacionada com a noção da flecha do tempo que postula a direção unidirecional do tempo, do passado para o futuro”, disse o principal autor do estudo, Gordey Lesovik.
Segunda lei da termodinâmica
A maioria das leis da física não faz distinção entre o futuro e o passado. Tomemos como exemplo uma equação que descreve a colisão e o rebote de duas bolas de bilhar idênticas. Se um close desse evento for gravado com uma câmera e reproduzido ao contrário, ele ainda pode ser representado pela mesma equação.
No entanto, imagine gravar uma bola branca batendo em uma pirâmide de bolas de bilhar que se espalham em todas as direções. Nesse caso, é fácil distinguir o cenário da vida real da reprodução reversa.
Afora nossa compreensão da segunda lei da termodinâmica, que determina que um sistema isolado permaneça estático ou evolua sempre para o caos, a maioria das outras regras da física não impede que as bolas de bilhar sejam “remontadas” em uma pirâmide, ou que um chá infundido retorne ao saquinho, ou que a lava retorne a um vulcão.
Esses fenômenos não são observados no mundo real porque exigiriam que um sistema isolado assumisse um estado mais ordenado sem qualquer intervenção externa, o que supostamente contraria essa segunda lei.

Elétron de volta ao passado
Os físicos quânticos de Moscou decidiram verificar se o tempo poderia se inverter espontaneamente, pelo menos para uma partícula individual e por uma pequena fração de segundo. Isto é, em vez de bolas de bilhar, eles examinaram um elétron solitário no espaço interestelar vazio.
“Suponha que o elétron esteja localizado quando começamos a observá-lo. Isso significa que temos certeza sobre sua posição no espaço. As leis da mecânica quântica nos impedem de conhecê-la com absoluta precisão, mas podemos delinear uma pequena região onde o elétron está localizado”, disse um dos autores do estudo, Andrey Lebedev.
A evolução do estado do elétron é governada pela equação de Schrödinger. Embora não faça distinção entre o futuro e o passado, a região do espaço que contém o elétron se espalha muito rapidamente. Ou seja, o sistema tende a se tornar mais caótico, e a incerteza da posição do elétron cresce. Isso é análogo à crescente desordem em um sistema de grande escala – como em uma mesa de bilhar – devido à segunda lei da termodinâmica.

“No entanto, a equação de Schrödinger é reversível”, explica Valerii Vinokur, outro autor do artigo, do Argonne National Laboratory, nos EUA. “Matematicamente, isso significa que sob uma certa transformação chamada conjugação complexa, a equação descreverá uma ‘mancha de elétron’ localizada no passado em uma pequena região do espaço no mesmo período de tempo”.
Por que não vemos isso no cotidiano?
Embora esse fenômeno não seja observado na natureza, teoricamente poderia acontecer devido a uma flutuação aleatória no fundo de micro-ondas cósmico que permeia o universo.

A equipe então resolveu calcular a probabilidade de observar um elétron localizando-se espontaneamente em seu passado recente.
Os cientistas descobriram que, durante toda a vida do universo – 13,7 bilhões de anos -, mesmo observando 10 bilhões de elétrons recém-localizados a cada segundo, a evolução inversa espontânea do estado da partícula só aconteceria uma vez. Além disso, o elétron não viajaria mais do que um décimo de bilionésimo de segundo no passado.
Fenômenos de larga escala envolvendo bolas de bilhar retornando à uma pirâmide e vulcões impelindo lava obviamente se desdobrariam em escalas de tempo muito maiores e apresentariam um número impressionante de elétrons e outras partículas. Isso explica por que não observamos pessoas idosas ficando mais jovens na vida real.

Experimento com computação quântica
Por fim, os pesquisadores tentaram reverter o tempo em um experimento de quatro estágios. Em vez de um elétron, eles observaram o estado de um computador quântico feito de dois e mais tarde três elementos básicos chamados de qubits supercondutores.
No estágio 1, cada qubit foi inicializado no estado fundamental, denotado como zero. Essa configuração altamente ordenada correspondia a um elétron localizado em uma região pequena (ou bolas de bilhar antes de serem estouradas).
No estágio 2, conforme o elétron foi espalhado por uma região cada vez maior do espaço, ou a pilha de bolas foi quebrada na mesa de sinuca, o estado dos qubits se tornou um padrão cada vez mais complexo de zeros e uns.
No terceiro estágio, um programa especial modificou o estado do computador quântico de tal forma que evoluiu “para trás”, do caos para a ordem. Esta operação é semelhante à flutuação aleatória de fundo de micro-ondas no caso do elétron, mas, desta vez, foi deliberadamente induzida.
No quatro e último estágio, o programa de evolução do segundo estágio foi rodado novamente. Se o estágio 3 foi bem-sucedido, o resultado visto não foi o caos, mas sim uma rebobinagem do estado dos qubits de volta ao passado, como um elétron sendo localizado em um ponto no passado ou bolas de bilhar retrocedendo suas trajetórias.

Resultados
Os pesquisadores descobriram que, em 85% dos casos, o computador quântico de dois qubits de fato retornou ao estado inicial.
Quando três qubits estavam envolvidos, mais erros aconteceram, resultando em uma taxa de sucesso de aproximadamente 50%.
Segundo os autores, esses erros se devem a imperfeições no computador quântico. À medida que dispositivos mais sofisticados forem criados, essa taxa de erro deve cair.
Curiosamente, o próprio algoritmo de inversão de tempo pode ser útil para tornar os computadores quânticos mais precisos. “Nosso algoritmo pode ser atualizado e usado para testar programas escritos para computadores quânticos e eliminar erros”, concluiu Lebedev.

A pesquisa foi publicada na revista científica Scientific Reports. [Phys]

Fonte: https://hypescience.com/fisicos-invertem-o-tempo-usando-um-computador-quantico/