sexta-feira, 22 de julho de 2011

Você Está Sendo Observado, não Ligue


Temor sobre privacidade é exagerado, mesmo no mundo sempre conectado
por David Pogue
Em 2004, o Google lançou o Gmail: poderosa conta de e-mail com capacidade de armazenamento de um gigabyte – 500 vezes o que o Hotmail oferecia. Com tanta capacidade, o Gmail original nem sequer tinha o botão de excluir. E tudo gratuito.

Mas nem todos festejaram. O Gmail pagava por toda essa maravilha graças à exibição de pequenos textos de anúncio à direita de cada mensagem recebida, relacionados a seu conteúdo. Defensores de privacidade ficaram possessos. Parecia que, para eles, não importava o fato de que era um algoritmo de software e não um ser humano que vasculhava suas mensagens em busca de palavras-chave. O Electronic Privacy Information Center (Centro de Informação de Privacidade Eletrônica) exigiu o fechamento do Gmail, e um senador da Califórnia propôs um projeto de lei que tornava ilegal a pesquisa de conteúdo das mensagens recebidas.

Dois anos depois, um serviço chamado Futurephone permitia a qualquer um fazer uma quantidade ilimitada de chamadas internacionais gratuitas. Bastava discar uma linha em Iowa e então, após o sinal, digitar o número desejado. Não era preciso fornecer seu nome, endereço de e-mail ou qualquer outra informação.

Quando escrevi sobre o Futurephone para o New York Times, pensei estar fazendo um favor aos meus leitores, mas, em vez disso, deixei-os loucos tentando descobrir como a Futurephone ganhava dinheiro. Muitos concluíram que era um golpe muito elaborado para coletar números de telefone.

Mas por que, respondi em meu blog, o Futurephone teria todo esse trabalho se já existe uma lista telefônica nacional? Muito bem, meus preocupados leitores disseram então que, nesse caso, a Futurephone deve estar “ouvindo nossas conversas”.

Para muitas pessoas, parece que quanto mais tempo passamos on-line, mais ofertas de conveniência nos são feitas em troca de nossa privacidade. Cartões de fidelidade de supermercados nos oferecem descontos, mas também permitem rastrear o que estamos comprando e comendo. A Amazon.com nos saúda pelo nome e nos lembra o que já compramos. O Facebook reuniu o maior banco de dados de informações pessoais na história humana (mais de meio bilhão de pessoas). Os cartões de crédito deixam um rastro. Telefones dão às companhias telefônicas o registro de seus interlocutores.

Claro que existem boas razões para proteger certos aspectos de nossa privacidade. Não gostaríamos que informações médicas ou financeiras de nossa vida nos impedissem de conseguir um emprego ou até mesmo um encontro amoroso. Podemos não desejar que nossas proezas sexuais ou votos se tornem públicos.

Mas, além dessas exceções óbvias, os medos de falta de privacidade sempre foram mais uma reação emocional do que racional. (Alguém realmente se importa com que tipo de comida compramos? E, em caso afirmativo, isso faz alguma diferença?) E no mundo virtual, muito disso é simplesmente medo do desconhecido, do que é novo.

Com o tempo, conforme o desconhecido se torne familiar, cada nova onda de terror de privacidade on-line parece se desfazer. Ninguém se surpreende mais com os mapeamentos de propaganda do Gmail. E até mesmo pessoas de meia- idade e avós estão se inscrevendo no Facebook.

(E o Futurephone? Não existe mais. Blogueiros investigativos descobriram seu modelo de negócios mais provável: a empresa explorava um subsídio do governo, que pagaria ao Estado de Iowa alguns centavos por cada chamada de longa distância recebida. E Iowa estaria dividindo o lucro com o Futurephone.)

A geração mais jovem não consegue sequer compreender por que os mais velhos se preocupam tanto com a privacidade. De fato, todo o apelo dos mais recentes serviços on-line é divulgar informações pessoais. De propósito. Os aplicativos Foursquare, Gowalla e Facebook Places divulgam até mesmo a sua localização atual, para que seus amigos possam seguir seus movimentos (e, claro, encontrá-lo).

Se você está entre aqueles que pensam que o Google ultrapassou os limites da privacidade com o Gmail, então certamente está surtando com todas essas novidades. O Google está coletando dados sobre o que assistimos (Google TV), aonde vamos (Google Maps), para quem ligamos (telefones Android), o que dizemos (Google Buzz) e o que fazemos on-line (navegador Google Chrome).

Mas algumas defesas de nossa privacidade acabaram há anos. O medo que você sente pode ser real, mas o risco de alguém realmente estar buscando detalhes tediosos sobre sua vida é certamente pequeno. Como o medo de voar, ataques de tubarões ou de raios, seu instinto pode não estar recebendo dados realistas de seu cérebro.
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David Pogue David Pogue é colunista de tecnologia pessoal do New York Times e ganhador do prêmio Emmy como correspondente da CBS News.
Disponível em: http://www2.uol.com.br/sciam/artigos/voce_esta_sendo_observado_nao_ligue.html

terça-feira, 19 de julho de 2011

BRASIL CONQUISTA MEDALHA DE OURO NA OLIMPÍADA INTERNACIONAL DE FÍSICA

A equipe brasileira formada por cinco estudantes conquistou uma
Medalha de Ouro e quatro de Bronze na 42ª IPhO (International Physics
Olympiad) realizada em Bangkok, Tailândia, na última semana.

Formada pelos alunos do Ensino Médio Gustavo Haddad Braga - SP (Ouro),
Ivan Tadeu-SP (Bronze), José Guilherme G. Alves-CE (Bronze), Lucas
Lourenço Hernandes-SP (Bronze) e Ricardo Duarte Lima-CE (Bronze),
nossa equipe concorreu com 394 estudantes de 84 países e obteve nessa
Olimpíada o primeiro Ouro dentre os países da ibero-américa.

O Brasil através da Olimpíada Brasileira de Física (OBF), que
seleciona e prepara as duas equipes para as Olimpíadas Internacionais,
tem participado da Olimpíada Ibero-americana de Física (OIbF) e da
International Physics Olympiad (IPhO) desde 2000. Nessas Olimpíadas
nosso desempenho vem se destacando a cada edição: em 2010, na IPhO,
todos os componentes de nossa equipe foram medalhistas e na OIbF, em
que participam países da América Latina, Portugal e Espanha, o Brasil
é o país com maior número de medalhas sendo campeão em várias edições;
em 2010, na OIbF, nossos quatro estudantes conquistaram quatro
Medalhas de Ouro, o Top Gold (melhor estudante) e, pelo 3º ano
consecutivo, nossa equipe foi a campeã do torneio.

Com essa conquista o Brasil, na IPhO, passa a fazer parte de um grupo
seleto Medalha de Ouro, ficando à frente de países da Europa como
Itália e Suíça, e junto ao grupo da França e Alemanha que têm uma
larga tradição neste tipo de evento.




Parabéns a todos os alunos da Escola Francisco Soares de Oliveira que participaram da 1° fase da OBF 2011, especialmente aos que irão fazer a 2° fase, esses são os classificados:


MARIA CLECIA FERREIRA MENDES VIANA 
ADELAIDE RIBEIRO DE SOUSA   
LUANA FARIAS
FRANCISCO WALIFF DUARTE DA SILVA


LUIZ DE PAIVA JORGE JUNIOR   
ANTONIO WILLIAN DA SILVA FERNANDES  
CRISTIANE MARIA BATISTA ALVES  
ANTONIA CAMILA CID FARIAS 
WESLLEY NATHAN BRAZ DO VALE GOMES   



JOSÉ ANDERSON DE CARVALHO LINS
CARLOS AUGUSTO DE SOUSA PEREIRA 
MARIA VERÔNICA SILVA OLIVEIRA 










segunda-feira, 18 de julho de 2011

As raízes mais profundas da vida

Análises de um tipo de fonte termal, descoberta no leito marinho, sugerem novas possibilidades para a evolução da vida
por Alexander S. Bradley
Deborah S. Kelley, University of Washington IFE URI-IAO NOAA
O Ecossistema das fontes hidrotermais de Lost City parece estéril, mas abriga uma infinidade de micro-organismos. Muitos deles se desenvolvem independentes da luz do Sol
Restam poucos lugares a serem explorados nos continentes da Terra, e é improvável que muitas novas maravilhas naturais sejam reveladas em algum ponto remoto. Mas abaixo da superfície oceânica é outra história. Sabemos mais sobre as características de Marte que sobre os 75% subaquáticos de nosso próprio planeta. Surpresas incríveis nos aguardam ali.

Uma delas foi desvendada em dezembro de 2000. Uma expedição que mapeava uma montanha submersa, conhecida como maciço Atlantis, a meio caminho entre as ilhas Bermudas e Canárias, e a 800 metros abaixo da superfície do Atlântico Norte, deparou com um pilar de rocha branca, alto como um edifício de 20 andares, que se erguia do leito marinho. Com auxílio do veículo de controle remoto, Argo II, e o submergível tripulado Alvin, os cientistas fizeram um levantamento e colheram amostras da misteriosa torre. Embora restrições de tempo limitassem a investigação a um único mergulho do Alvin, os pesquisadores conseguiram reunir informações suficientes para determinar que a formação rochosa era apenas uma de várias estruturas semelhantes que emitiam água marítima morna. Eles haviam descoberto uma região de fontes termais submarinas, que batizaram de Campo Hidrotermal de Lost City. E ele não se assemelhava a nada conhecido, nem às agora famosas “black smokers” (fumarolas, ou chaminés negras).

O relato inicial sobre o achado, publicado na revista Nature em julho de 2001, suscitou ondas de empolgação na comunidade científica. A principal autora, a geóloga Deborah S. Kelley, da University of Washington, e seus colegas levantaram várias questões fundamentais. Como esse campo hidrotermal se formou? Que tipos de organismos vivem lá e como sobrevivem? Em 2003, Kelley chefiou uma abrangente expedição, de seis semanas, a Lost City para averiguar. Agora, após anos de minuciosas análises das amostras colhidas nessa missão, os cientistas começam a dar respostas fascinantes.

As descobertas do campo termal levaram à reconsideração de noções há muito aceitas sobre o ambiente químico que pode ter propiciado o aparecimento da vida na Terra. Além disso, os resultados acarretaram uma expansão das ideias científicas sobre onde, além deste Planeta Azul, seria possível encontrar vida – e desafiaram os conceitos estabelecidos sobre como procurar por ela.

Disponível em:
http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/as_raizes_mais_profundas_da_vida.html

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Educação Prioridade?

http://apeoc.org.br/publicacoes/ANALISE_COMPARATIVA.2011.pdf

    Apesar de todos falar que educação é prioridade, se dermos uma olhada nos dados do link acima vemos a verdadeira importância que nossos governantes dão para a educação, pois analisando os valores do salário pago, a quem realmente faz a educação ou seja os professores, percebemos as enormes diferenças entre os discursos políticos e a realidade. Nos "palanques" de nosso estado, os governantes sempre insistem em dizer que a educação é prioridade, que o futuro está na educação e mostra alguns números dizendo o quanto foi ou vai ser investido nessa área, discursos esses que tem por finalidade induzir a sociedade a acreditar que investimentos estão sendo feitos e que se as coisas não andam bem não é por falta de vontade política, mas infelizmente a prioridade da educação por parte desses políticos  fica apenas em seus discursos.
       Como educador gostaria que chegasse o dia em que essa conversa de que  o futuro está na educação chegasse, pois sempre escutei isso, mas sempre me deparo com situações que me mostram, que isso é só discurso de quem quer se manter no poder, pois a sociedade que temos hoje é muitas vezes alheia,  e não consegue ver o que realmente está a acontecer em nossas escolas, alguns alunos chegam ao ensino médio sem ao menos saber fazer as quatro operações básicas, já escutei muitos pais com orgulho dizer" meu filho está terminando os estudos" eles não sabem que muitas vezes  seus filhos saem das escolas sem os conhecimentos mínimos para a vida em sociedade e as vezes chegam ao final do ensino médio sem  nem saber ler e escrever de forma correta, e que esse terminar é apenas uma forma do governo mostrar números, esquecendo que qualidade e quantidade são coisas diferentes.
         A educação realmente transforma a sociedade e  é por isso que ela nunca é prioridade para nossos governantes, pois eles não querem essa transformação, o que eles realmente querem e se perpetuar infinitamente no poder .

    Por : Francisco Alex de Oliveira Farias

terça-feira, 12 de julho de 2011

O que ocorre durante uma fusão nuclear

Reatores da estação Daiichi em Fukushima estão em estado crítico, mas não chegaram à condição de fusão plena

WIKIMEDIA COMMONS
ANTES DO TERREMOTO: A usina Daiichi em Fukushima antes do terremoto seguido de tsunami em 2011.
Por John Matson
Como funciona um reator nuclear?
A maioria dos reatores, entre eles os da estação Daiichi em Fukushima, são essencialmente chaleiras de alta tecnologia que fervem água para produzir eletricidade. Têm como base a fissão nuclear controlada – pela qual se divide um átomo em dois átomos menores, produzindo calor e fazendo com que nêutrons “voem”. Se outro átomo absorve um desses nêutrons, o átomo se torna instável e ele próprio entra em fissão, liberando mais calor e mais nêutrons. Essa reação em cadeia torna-se autossustentável, e produz um fornecimento continuo de calor para ferver água, impulsionando as turbinas assim gerando eletricidade.

Quanta eletricidade é produzida no Japão e em outros lugares pelas usinas?
Com 54 reatores nucleares gerando 280 bilhões de kilowatts-hora, o Japão é o terceiro maior produtor mundial de energia nuclear, depois dos Estados Unidos e da França, conforme dados da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). A estação Daiichi de Fukushima, atingida pelo terremoto de 11 de março, abriga seis reatores, todos funcionando desde a década de 1970.

No mundo todo, a energia nuclear representa 15% da geração de eletricidade; o Japão obtém quase 30% de sua eletricidade de usinas nucleares. Os Estados Unidos produzem mais energia nuclear, porém, instalações nucleares respondem apenas por uma cota menor do portfólio americano de energia. Cerca de 20% da eletricidade dos Estados Unidos provém de usinas nucleares, a terceira maior fonte de eletricidade do país, atrás do carvão (45%) e do gás natural (23%).

Qual o combustível de um reator nuclear?
A maioria dos reatores usa combustível de urânio “enriquecido” na forma de urânio 235, um isótopo que entra rapidamente em fissão. O urânio 238 é muito mais comum na natureza que o urânio 235, mas não entra em fissão facilmente; por isso, fabricantes do combustível reforçam o conteúdo do urânio 235 em alguns pontos percentuais, o suficiente para manter uma reação contínua de fissão e gerar eletricidade. O urânio enriquecido é fabricado em varetas que são cobertas com revestimento de metal feito de ligas de zircônio.

O reator No 3 na estação Daiichi em Fukushima funciona com o chamado combustível óxido misto (mixed oxide ou MOX em inglês), no qual o urânio é misturado com outros materiais físseis.

Como se “desliga” uma reação nuclear?
Fissões nucleares sustentáveis têm como base a passagem de nêutrons de um átomo ao outro – nêutrons liberados na fissão de um átomo desencadeiam a fissão do próximo átomo. A maneira parar uma reação de fissão em cadeia é interceptar os nêutrons. Reatores nucleares utilizam varetas de controle feitas de elementos como cádmio, boro ou háfnio, que são eficientes absorvedores de nêutrons. Quando o reator tem problemas de funcionamento ou quando operadores precisam desligar o reator por qualquer outra razão, os técnicos podem, por acionamento à distância, mergulhar varetas de controle dentro do núcleo do reator para absorver os nêutrons e paralisar a reação nuclear.
É possível um reator entrar em fusão mesmo que a reação nuclear sendo interrompida?
Mesmo depois das varetas de controle realizar sua função e sustar a reação de fissão, as varetas de combustível retêm uma grande quantidade de calor. Além disso, os átomos de urânio que já foram cindidos em dois dão origem a subprodutos que por si mesmos liberam uma grande quantidade de calor. Assim, o núcleo do reator continua a produzir calor mesmo na ausência do processo de fissão.

Se o resto do reator operar normalmente, as bombas continuarão fazendo circular o líquido refrigerador (normalmente água) para dissipar o calor no núcleo do reator. No Japão, o terremoto de 11 de março causou os apagões que cortaram a fonte externa de corrente alternada do sistema de refrigeração do reator. De acordo com matérias de jornais e relatórios publicados, os geradores de emergência a diesel da usina falharam pouco tempo depois, deixando os reatores sem refrigeração e em sério risco de superaquecimento.

Sem um suprimento contínuo de líquido refrigerador, o núcleo quente continuará a ferver a água em torno dele até que o combustível não esteja mais imerso. Se as varetas de combustível ficarem descobertas, elas poderão começar a entrar em fusão. Então, o combustível quente, radiativo, se depositará em poças no fundo do vaso que contém o reator. Na pior situação possível de fusão, a poça de combustível quente entrará em fusão, atravessará o vaso de contenção de aço e as barreiras subsequentes destinadas a conter o material nuclear; isso fará com que quantidades maciças de radiatividade fiquem expostas no exterior da usina.

Podemos comparar esse acidente com o de Chernobyl ou Three Mile Island?

No momento, três dos reatores na estação Daiichi de Fukushima estão seriamente danificados. Nas unidades 1 e 3 houve explosões que destruíram as paredes exteriores, aparentemente a partir de acúmulos de gás hidrogênio produzido pelo zircônio nas varetas de combustível, que reagiu com a água de refrigeração a temperaturas extremamente altas – mas os vasos interiores de confinamento até aqui parecem estar intactos. Várias explosões ocorreram no reator No 2, e a situação permanece dramática. Mais recentemente, peritos indicaram que a situação já pode ser comparada a de Chernobyl.


Disponível em:
http://www2.uol.com.br/sciam/artigos/o_que_ocorre_durante_uma_fusao_nuclear.html

quinta-feira, 7 de julho de 2011

O mito do alienígena mal intencionado

O mito do alienígena mal intencionado
Por que Stephen Hawking está errado sobre o perigo da inteligência de extraterrestres?
por Michael Shermer
Com o Arranjo de Telescópios Allen mantido pelo Instituto de Busca por Inteligência Extraterrestre (Seti, na sigla em inglês), no norte da Califórnia, chegará a hora em que encontraremos uma inteligência artificial (Eti). O contato provavelmente chegará mais cedo que se espera por causa da lei de Moore ─ proposta pelo cofundador da Intel, Gordon E. Moore, que propõe a duplicação da capacidade dos computadores a cada um ou dois anos. Acontece que essa curva de crescimento exponencial se aplica à maioria das tecnologias, incluindo a busca por Etis: de acordo como o astrônomo e fundador do Seti, Frank Drake, nossas pesquisas hoje são 100 trilhões de vezes mais poderosas que há 50 anos, sem previsão para o fim dessas melhorias. Se houver um ET lá fora, faremos contato. O que acontecerá quando o fizermos? Como será a resposta deles?

Questões como essas, mesmo no âmbito da ficção científica, estão sendo seriamente consideradas pelo mais antigo e um dos mais prestigiados periódicos científicos do mundo ─ Philosophical Transactions of the Royal Society A ─ que dedica 17 artigos da edição de fevereiro à “Detecção de Vida Extraterrestre e suas Consequências para a Ciência e Sociedade”. Por exemplo, várias respostas apregoam o mito de que a sociedade colapsará pelo medo ou se despedaçará pelo balburdia provocada ─ ou que os cientistas e políticos se unirão numa conspiração para ocultar a verdade. Dois desses exemplos foram testemunhados: um em dezembro de 2010, quando a Nasa anunciou, numa palestra aberta à imprensa, uma possível nova forma de vida baseada no arsênico, e outro em 1994, quando cientistas publicaram que uma rocha marciana continha evidências fósseis de vida primitiva no Planeta Vermelho e o presidente Bill Clinton se pronunciou a respeito. Agências espaciais que disputam acirradamente os recursos disponíveis como a Nasa e organizações privadas que dependem do levantamento de fundos como o Instituto Seti divulgarão em alto e bom som qualquer sinal extraterrestre que encontrarem, de micro-organismos a marcianos. Mas podemos voltar aos alienígenas?

De acordo com Stephen Hawking, devemos nos calar. “Só precisamos olhar para nós mesmos para ver como a vida inteligente pode se desenvolver e resultar em alguma coisa que não gostaríamos de encontrar”, ele explicou na série de documentários do Discovery Chanel em 2010. “Eu os imaginava viajando em naves robustas, depois de terem esgotado todos os recursos naturais de seus planetas de origem. Alienígenas tão avançados talvez pudessem ter se tornado nômades, tentando conquistar e colonizar qualquer planeta que encontrassem”. Considerando a história de confrontos entre civilizações terrestres nas quais os mais avançados escravizavam ou destruíam os menos desenvolvidos, Hawking conclui: “Se alienígenas nos visitarem um dia, eu acredito que o resultado seria muito parecido com o que aconteceu quando Cristovão Colombo pisou em terras da América, o que não foi muito agradável para os nativos americanos”.

Sou cético. Embora só possamos fazer uma tentativa em n elementos e apesar de nossa espécie ter um registro não invejável dos primeiros contatos entre civilizações, a tendência dos dados para a metade do milênio passado é encorajadora: o colonialismo está morto, a escravidão está morrendo, a porcentagem de pessoas que perece em guerras diminuiu, o crime e a violência estão em queda, liberdades civis são sendo preservadas e como testemunhamos no Egito e em outros países árabes, o desejo de ter democracias representativas está se espalhando, juntamente com a educação, ciência e tecnologia. Essas tendências tornaram nossa civilização mais inclusiva e menos exploradora. Se extrapolarmos essa tendência dos últimos 500 anos para os próximos cinco mil ou 500 mil anos, teremos uma noção de qual seria a aparência de um Eti.

Na verdade, qualquer civilização capaz de empreender longas viagens espaciais terá avançado muito além do colonialismo explorador e de fontes de energia não sustentáveis. Escravizar nativos e apoderar-se de seus recursos pode ser lucrativo a curto prazo para as civilizações terrestres, mas essa estratégia poderá não persistir nas dezenas de milhares de anos necessários para as viagens espaciais interestelares.

Nesse contexto podemos entender que as civilizações extraterrestres nos pressionam a considerar a natureza e o progresso da civilização terrestre e nos dão a esperança de que quando fizermos contato, pelo menos uma inteligência terá conseguido atingir um nível no qual a incorporação de novas tecnologias substituiu o controle das pessoas e a exploração do espaço superou a conquista de terras. Ad astra!              xxxxxx xxxxxx xxxxxxxx xxx xxx x xx xxx x x x x x x x xx x x x x x  xx  x x x  x x x x x x x x Disponível em: http://www2.uol.com.br/sciam/artigos/o_mito_do_alienigena_mal_intencionado.html