quinta-feira, 5 de julho de 2012

Nunca estivemos tão perto da "Partícula de Deus"


Após anos de espera, imprevistos e problemas técnicos, físicos anunciaram a descoberta de uma partícula, que pode ser o famoso bóson de Higgs
Uma nova partícula que pode ser o bóson de Higgs foi descoberta pelos cientistas, mas ainda são necessárias verificações para confirmar se esta é ou não a “partícula de Deus” que os cientistas buscam há décadas, anunciou o Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern) ontem.

O bóson de Higgs é considerado pelos físicos a chave para entender a estrutura fundamental da matéria e a partícula que atribui a massa a todas as demais, segundo a teoria conhecida como Modelo Padrão.

Apesar das dúvidas se esta nova partícula é o bóson de Higgs ou outro tipo de partícula, os aplausos e os rostos dos físicos reunidos em Genebra refletiam a alegria e o alívio do mundo científico.

“Nunca pensei que assistiria a algo assim em vida e vou pedir para minha família que coloque o champanhe na geladeira”, afirmou o britânico Peter Higgs, o cientista de 83 anos que em 1964, ao lado dos colegas Robert Brout (falecido em 2011) e François Englert, postulou por dedução a existência do bóson que leva seu nome.

A emoção foi palpável e Englert, sentado ao lado de Higgs, não conseguiu conter as lágrimas. “Superamos uma nova etapa em nossa compreensão da natureza”, afirmou, em um comunicado o diretor geral do Cern, Rolf Heuer.

“A descoberta de uma partícula cujas características são coerentes com as do bóson de Higgs abre o caminho para estudos mais profundos que necessitarão de mais estatísticas para estabelecer as propriedades de uma nova partícula. Esta partícula permitirá descobrir outros mistérios de nosso universo”, segundo Heuer.

Pouco antes da divulgação do comunicado, Joe Incandela, porta-voz de um dos experimentos em curso para buscar o bóson, explicou em um seminário científico em Genebra as descobertas dos últimos meses.

“Observamos um novo bóson, mas precisamos de mais dados para determinar se é ou não o de Higgs”, disse a um grupo de cientistas.

As pesquisas acontecem no Grande Colisor de Hádrons (LHC), o maior acelerador de partículas do mundo, na sede do Cern em Genebra.

Neste túnel de 27 quilômetros de circunferência, instalado a 100 metros de profundidade, os físicos provocam o choque de bilhões de prótons com a esperança de encontrar, com a ajuda de todo tipo de detectores, o rastro do bóson entre os restos (cascatas de partículas).

O anúncio de ontem acontece depois de, no mês de dezembro, o mistério sobre o bóson de Higgs ter sido consideravelmente reduzido quando os dois experimentos independentes que acontecem no LHC (ATLAS e CMS) limitaram uma região situada entre 124 e 126 giga elétron-volts (1 GeV equivale à massa de um próton). Uma região agora confirmada pelos cientistas.

E agora

ENTENDA A NOTÍCIA

Os cientistas descartam que alguma flutuação estatística seja responsável pelo achado. A probabilidade de não ser uma nova partícula, e sim algum engano, é de menos de 1 em 1,7 milhão. Cometer um erro desses é tão improvável quanto ganhar na loteria.

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