quinta-feira, 22 de março de 2012

Astronomia no Brasil

QUAL É INSTRUMENTO DE TRABALHO DE UM ASTRÔNOMO? Não permita que em sua mente venha apenas a imagem de uma luneta ou telescópio. A Astronomia precisa, é claro, de bons instrumentos óticos para ser praticada. Mas se você observar o Universo apenas com os olhos vai ver muito pouca coisa.

A natureza reserva o seu melhor para quem têm olhos de super-homem... e os astrônomos têm! Porém, ainda não basta esquadrinhar uma estrela através da sua emissão de raios X. Além de boas observações, é necessário raciocínio. Horas, dias e semanas de trabalho dedicado e minucioso.

É desse esforço, em qualquer área do conhecimento humano, que surge o nosso super-homem. Tem sido assim com um número cada vez maior de brasileiros, profissionais ou não, que levam muito a sério sua paixão pelo firmamento. Nesta última parte da série Astronomia no Brasil vamos conhecer uma pequena amostra de seus feitos mais recentes.

Uma não, duas!

Eta Carina brilha ao centro:
o fascínio das estrelas gigantes.


ETA CARINA É APENAS A SÉTIMA ESTRELA mais brilhante da constelação de Carina, ou Quilha, perto do Cruzeiro do Sul. Temos sorte de estar bem longe dela, pois ela pode brilhar tanto quanto cinco milhões de sois.

Pode porque seu brilho não é constante, como o Sol. Passados pouco mais de dois mil dias na Terra, Eta Carina perde luz equivalente a três mil sois. O que não seria novidade, pois existem muitas estrelas variáveis no Universo.

Mas para um astrofísico brasileiro ela não estava variando só por si mesma e sim porque tinha uma companheira. O par de astros, envolvido numa nuvem de gás e poeira, não podia ser revelado facilmente por telescópios.

Na época não foi fácil convencer a incrédula comunidade científica. Afinal, ciência se faz com argumentações convincentes. Mas ele provou que estava certo. Hoje é conhecido como o descobridor de um sistema estelar duplo.


Sob o céu que tem mais estrelas

SANTOS DUMONT É HOMENAGEADO com uma cratera na Lua. O romancista José de Alencar também tem uma, em Mercúrio.

E uma pesquisadora brasileira que trabalhou na análise dos dados enviados pela missão Pathfinder, que enviou um jipe-robô para Marte, obteve o reconhecimento de seu valioso trabalho ao ter aceita a sua proposta de batizar vulcões em Io, um satélite de Júpiter, com nomes de divindades tupis.
  Io tem mais vulcões ativos que a Terra.

Em Tritão, maior das luas de Netuno, está Viana, cratera com o mesmo nome de uma pequena cidade do Espírito Santo. Há muito mais exemplos como esses.

No Rio de Janeiro, onde funciona o único curso de graduação em Astronomia do país, uma revolução silenciosa, onde as mulheres estão assumindo funções importantes em observatórios, está melhorando e fortalecendo a formação científica da Astronomia brasileira.

Muitos dos que escolheram outras profissões também fazem parte desse time. Um astrônomo amador de verdade não se contenta em reconhecer os objetos celestes. Ele domina métodos científicos e realiza observações que podem ser transmitidas para outros estudiosos. E tem muito valor.

Conhecimento que transforma

AINDA HÁ MUITO PARA SE FAZER pela Astronomia no Brasil. Em alguns países ela é como uma paixão nacional. Em outros, faz parte dos currículos escolares e ajuda sobremaneira ao entendimento de diversas outras ciências, como matemática, física, química, geografia e ainda ecologia e história. Houve até um tempo em que era ensinada no Brasil. Mas foi justamente um Ministro da Educação que prestou o desserviço de retirá-la das escolas.

Hoje, há pessoas que julgam esse tipo de conhecimento como cultura inútil. Saber que a Terra gira em torno do Sol pode não ter serventia no cotidiano da maioria absoluta dos brasileiros. O que muitos ignoram é que as implicações na obtenção do maravilhoso conjunto de novos conhecimentos trazidos pela Astronomia são capazes de transformar o Homem e sua relação com o mundo.

O dia dos 500 anos
QUANDO AQUELA HISTÓRICA EXPEDIÇÃO portuguesa, contando 1500 homens em 13 caravelas, aportou na Baía de Cabrália, a 12 km de Porto Seguro, não podiam imaginar que as novas terras eram na verdade parte de um continente e não apenas uma ilha.

Mas eles tinham certeza da data da chegada: 22 de abril de 1500, uma quarta-feira. Só que para Cabral e seus conterrâneos os anos começavam em 25 de dezembro: o calendário utilizado era o Juliano - não era como nos dias atuais, em que usamos o Gregoriano.

A diferença? 10 dias. Dez dias que foram esquecidos pela maioria dos historiadores na contagem de muitos eventos anteriores a 1582, ano em que o Papa Gregório XIII reformou o então calendário Juliano, que por acumular erros, já não mais coincidia com eventos da natureza, como o início das estações.

E quando desejamos contar o tempo até uma data anterior ao ano da reforma do calendário, devemos nos preocupar em adicionar os 10 dias que foram retirados do ano de 1582 para que o calendário voltasse a se adequar aos eventos naturais. Feito isto, o quinto centenário da chegada dos portugueses ao Brasil completou-se somente em 2 de maio do ano 2000.

Fonte: Astronomia no Zênite

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