segunda-feira, 18 de julho de 2011

As raízes mais profundas da vida

Análises de um tipo de fonte termal, descoberta no leito marinho, sugerem novas possibilidades para a evolução da vida
por Alexander S. Bradley
Deborah S. Kelley, University of Washington IFE URI-IAO NOAA
O Ecossistema das fontes hidrotermais de Lost City parece estéril, mas abriga uma infinidade de micro-organismos. Muitos deles se desenvolvem independentes da luz do Sol
Restam poucos lugares a serem explorados nos continentes da Terra, e é improvável que muitas novas maravilhas naturais sejam reveladas em algum ponto remoto. Mas abaixo da superfície oceânica é outra história. Sabemos mais sobre as características de Marte que sobre os 75% subaquáticos de nosso próprio planeta. Surpresas incríveis nos aguardam ali.

Uma delas foi desvendada em dezembro de 2000. Uma expedição que mapeava uma montanha submersa, conhecida como maciço Atlantis, a meio caminho entre as ilhas Bermudas e Canárias, e a 800 metros abaixo da superfície do Atlântico Norte, deparou com um pilar de rocha branca, alto como um edifício de 20 andares, que se erguia do leito marinho. Com auxílio do veículo de controle remoto, Argo II, e o submergível tripulado Alvin, os cientistas fizeram um levantamento e colheram amostras da misteriosa torre. Embora restrições de tempo limitassem a investigação a um único mergulho do Alvin, os pesquisadores conseguiram reunir informações suficientes para determinar que a formação rochosa era apenas uma de várias estruturas semelhantes que emitiam água marítima morna. Eles haviam descoberto uma região de fontes termais submarinas, que batizaram de Campo Hidrotermal de Lost City. E ele não se assemelhava a nada conhecido, nem às agora famosas “black smokers” (fumarolas, ou chaminés negras).

O relato inicial sobre o achado, publicado na revista Nature em julho de 2001, suscitou ondas de empolgação na comunidade científica. A principal autora, a geóloga Deborah S. Kelley, da University of Washington, e seus colegas levantaram várias questões fundamentais. Como esse campo hidrotermal se formou? Que tipos de organismos vivem lá e como sobrevivem? Em 2003, Kelley chefiou uma abrangente expedição, de seis semanas, a Lost City para averiguar. Agora, após anos de minuciosas análises das amostras colhidas nessa missão, os cientistas começam a dar respostas fascinantes.

As descobertas do campo termal levaram à reconsideração de noções há muito aceitas sobre o ambiente químico que pode ter propiciado o aparecimento da vida na Terra. Além disso, os resultados acarretaram uma expansão das ideias científicas sobre onde, além deste Planeta Azul, seria possível encontrar vida – e desafiaram os conceitos estabelecidos sobre como procurar por ela.

Disponível em:
http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/as_raizes_mais_profundas_da_vida.html

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