LUCAS CARVALHO 14/02/2018
18H29 CIÊNCIAFOTOGRAFIA
Átomos são as
estruturas conhecidas mais básicas de toda matéria (embora a física quântica
questione essa afirmação), e, de tão pequenos, são invisíveis ao olho humano ou
mesmo às lentes de uma câmera comum. Ou era o que pensava o senso comum até
hoje.
David Nadlinger,
estudante do Departamento de Física da Universidade de Oxford, nos EUA, venceu
o prêmio máximo do concurso de fotografia científica do Conselho de Pesquisa em
Engenharia e Ciências Físicas do Reino Unido (EPSRC, na sigla em inglês) com
uma foto inédita de um átomo.
"A ideia de conseguir ver um átomo a olho nu me atingia como sendo
uma ponte maravilhosa, direta e visceral entre o minúsculo mundo quântico e a
nossa realidade macroscópica", contou Nadlinger ao EPSRC, segundo o
National Geographic. A imagem foi registrada graças a uma câmera DSLR,
acessórios e muita paciência.
A imagem (que você pode ver completa e em alta resolução aqui)
mostra um átomo de estrôncio carregado positivamente iluminado por uma luz
azul-violeta sobre um fundo preto. O átomo é segurado, quase sem se mexer, por
um campo magnético que emana de dois eletrodos de metal dos lados esquerdo e
direito da foto.
É o que os
cientistas chamam de "armadilha de íons", uma técnica usada em
laboratórios que estudam as propriedades mais básicas da física quântica. A
distância entre cada ponta de agulha de metal que se vê no centro da imagem é
de apenas 1/8 de uma polegada.
Para capturar a
imagem, Nadlinger colocou sua Canon 5D Mk II na janela da câmara de vácuo em
que está a armadilha de íons. O cientista usou uma lente de 50 milímetros, duas
gelatinas de correção de cor para controlar a intensidade do flash e tubos de
extensão, usados para aumentar a distância focal da lente.
Nadlinger também
não escolheu o tipo de átomo à toa. Átomos de estrôncio são maiores do que os
de hidrogênio ou oxigênio, por exemplo, já que possuem 38 prótons e 215
bilionésimos de um milímetro de comprimento. Mas ainda assim, iluminar o
sujeito foi um desafio à parte.
Só podemos ver o
átomo na imagem porque ele está absorvendo e repelindo uma luz de laser numa
velocidade que só pode ser capturada por uma longa exposição da câmera. Ou
seja, o "pálido ponto azul" no centro da foto não é o contorno exato
do átomo, mas o reflexo da luz que bate sobre ele. Mas, no fim das contas, toda
fotografia não é mais do que o registro da luz que reflete sobre uma
superfície, de qualquer maneira.
Até hoje, imagens
claras de átomos só podiam ser capturadas por microscópios especializados e
muitos truques de química que faziam com que a foto parecesse mais um borrão
feito no Paint do que uma fotografia de verdade. O experimento de Nadlinger
prova que, com paciência e o equipamento certo, dá para registrar imagens mais
próximas da nossa compreensão.
Fonte: Olhar Digital
Disponível em: https://olhardigital.com.br/noticia/estudante-vence-premio-de-fotografia-com-foto-inedita-de-um-atomo/74071
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