segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Veja os focos de incêndio na Amazônia

Redação do Site Inovação Tecnológica - 27/08/2019
Veja os focos de incêndio na Amazônia
Comparação dos incêndios na Amazônia entre os anos de 2018 e 2019.
[Imagem: ESA]

Dia da Queimada
A ESA (Agência Espacial Europeia) divulgou dados coletados pela constelação de satélites Sentinel-3, revelando os focos de incêndio que assolam a Amazônia.
Os dados revelam que há quase quatro vezes mais incêndios neste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado, embora neste século outros anos já tenham apresentado números maiores. Além do Brasil, que detém 60% da Floresta Amazônica, partes do Perú, Bolívia, Paraguai e Argentina foram também afetadas.
O Atlas dos Incêndios Mundiais do Sentinel-3 detectou quase 4.000 incêndios entre 1 e 24 de agosto de 2019, enquanto no ano passado houve uma média de 1.110 incêndios.
Plumas de fumaça espalharam-se pela região e ventos fortes levaram a fuligem até São Paulo - a mais de 2.500 km de distância - causando uma nuvem de escuridão sobre a cidade. De fato, a fumaça atingiu a costa Atlântica, vencendo a Serra do Mar.
Veja os focos de incêndio na Amazônia
Esta imagem mostra os incêndios florestais na fronteira entre Bolívia, Paraguai e Brasil.
[Imagem: ESA]
Toneladas de fumaça
O sistema europeu calcula que os incêndios liberaram 228 megatoneladas de dióxido de carbono na atmosfera, bem como grandes quantidades de monóxido de carbono.
Segundo a ESA, o Serviço de Cartografia de Emergência da constelação Copernicus foi ativado para ajudar a responder ao incêndio. O serviço utiliza observações por satélite para auxiliar as autoridades de proteção civil e, em casos de desastre, a comunidade humanitária internacional a ajudar a responder a emergências.
A gravidade dos incêndios atingiu os mais altos níveis políticos. Considerada uma crise internacional, as nações do G7, que se encontraram em França, ofereceram um financiamento emergencial de 20 milhões de euros para ajudar o Brasil e os seus países vizinhos a apagar os incêndios, segundo o presidente francês Emmanuel Macron.
SITE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA. Veja os focos de incêndio na Amazônia. 27/08/2019. Online. Disponível em www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=veja-focos-incendio-amazonia. Capturado em 30/09/2019.

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Astrônomos detectam água e possível chuva em exoplaneta

Redação do Site Inovação Tecnológica - 12/09/2019
Astrônomos detectam água e possível chuva em exoplaneta
Representação artística do exoplaneta K2-18b.
[Imagem: Alex Boersma]

Água em exoplaneta
Astrônomos capturaram sinais de água, e potencialmente chuva, em um exoplaneta na zona habitável de sua estrela.
A superterra K2-18 b tem duas vezes o diâmetro da Terra, uma massa 10 vezes maior e está a 111 anos-luz de distância, na constelação do Leão. Esta é a primeira vez que se detecta água em uma superterra.
Já haviam sido detectados sinais de água em exoplanetas antes, mas a maioria gigantes gasosos, onde há pouca expectativa de encontrar qualquer tipo de vida similar à nossa.
Analisar a atmosfera de planetas menores é bem mais difícil. Duas equipes de astrônomos, do Canadá e do Reino Unido, precisaram analisar nove trânsitos do K2-18 b para verificar como a luz da estrela permeia a finíssima camada de atmosfera do exoplaneta.
Foi esta análise que revelou a existência de água, muita água.
Chuva em exoplaneta
Como a luz da estrela varia de cor conforme ela é filtrada pela atmosfera do planeta, os astrônomos concluíram que o efeito é resultado de vapor de água presente na atmosfera transformando-se em água em estado líquido - eles podem ter flagrado chuva de água ocorrendo no exoplaneta.
As equipes apresentaram três explicações possíveis para os dados, todas igualmente prováveis. No primeiro cenário, o planeta não tem nuvens e sua atmosfera tem entre 20% e 50% de água. No segundo e no terceiro cenários, que envolvem diferentes quantidades de nuvens e outras moléculas na atmosfera, a atmosfera do planeta contém entre 0,01% e 12,5% de água - o que torna a chuva uma possibilidade real.
Contudo, os astrônomos reconhecem que há poucas esperanças de que o K2-18 b seja um ambiente hospitaleiro para a vida como a conhecemos, devido à sua distância da estrela. E sua estrela é uma anã vermelha, o que significa que ele deve estar sujeita a uma chuva de radiação bem mais forte do que a que recebemos do Sol.
Em entrevista à revista Nature, a astrônoma Hannah Wakeford, da equipe do telescópio Hubble, lembra o caso de Vênus: É um planeta do tamanho da Terra, na zona habitável do nosso Sol e que já teve vapor de água na atmosfera - mas os raios do Sol arrancaram grande parte dessa água, deixando sua superfície estéril.
E, embora os dados atuais não sejam conclusivos, o mais provável é que o K2-18 b sequer tenha um núcleo rochoso, sendo principalmente gasoso, o que o tornaria mais parecido com Netuno do que com a Terra.
Bibliografia:

Artigo: Water vapour in the atmosphere of the habitable-zone eight-Earth-mass planet K2-18 b
Autores: Angelos Tsiaras, Ingo P. Waldmann, Giovanna Tinetti, Jonathan Tennyson, Sergey N. Yurchenko
Revista: Nature Astronomy
DOI: 10.1038/s41550-019-0878-9
Link: arxiv.org/abs/1909.04642

Artigo: Water Vapor on the Habitable-Zone Exoplanet K2-18b
Autores: Björn Benneke, Ian Wong, Caroline Piaulet, Heather A. Knutson, Ian J.M. Crossfield, Joshua Lothringer, Caroline V. Morley, Peter Gao, Thomas P. Greene, Courtney Dressing, Diana Dragomir, Andrew W. Howard, Peter R. McCullough, Eliza M.-R. Kempton, Jonathan J. Fortney, Jonathan Fraine
Revista: arXiv
SITE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA. Astrônomos detectam água e possível chuva em exoplaneta. 12/09/2019. Online. Disponível em www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=astronomos-detectam-agua-possivel-chuva-exoplaneta. Capturado em 25/09/2019.

Finalmente uma explicação para a eletricidade estática?

Redação do Site Inovação Tecnológica - 24/09/2019
Finalmente uma explicação para a eletricidade estática?
O novo modelo explica a eletricidade estática pelas saliências em nanoescala dos materiais.
[Imagem: Mizzi et al. - 10.1103/PhysRevLett.123.116103]

Teoria da eletricidade estática
A maioria das pessoas já experimentou o efeito arrepiante dos cabelos ao esfregar um balão na cabeça, ou as sutis faíscas causadas ao arrastar os pés com meias pelo tapete.
Por isso, também a maioria se espanta ao saber que a eletricidade estática é um dos maiores mistérios da ciência até hoje - desde que Tales de Mileto observou o fenômeno por volta do ano 600 a.c.
Agora, um trio de físicos da Universidade Northwestern, nos EUA, desenvolveu um novo modelo que mostra que esfregar dois objetos produz eletricidade estática - ou triboeletricidade - pelo dobramento das saliências em escala molecular na superfície dos materiais.
Esse novo entendimento pode ter implicações importantes para as aplicações eletrostáticas já existentes, como colheita de energia por meio de nanogeradores, além de evitar perigos em potencial, como incêndios iniciados por faíscas de eletricidade estática.
Triboeletricidade e flexoeletricidade
Em nanoescala, todos os materiais têm superfícies rugosas, com inúmeras saliências minúsculas. Quando dois materiais entram em contato e se atritam, essas saliências se dobram e se deformam.
Christopher Mizzi e seus colegas constataram que essas deformações dão origem a tensões que, em última instância, acabam produzindo cargas estáticas. Esse fenômeno é chamado de "efeito flexoelétrico", que ocorre quando a separação de carga em um isolante surge de deformações, como flexões.
Finalmente uma explicação para a eletricidade estática?
Os geradores que capturam eletricidade estática estão entre os principais elementos da chamada colheita de energia.
[Imagem: Zhu et al./Nano Letters]
Usando um modelo simples, a equipe mostrou que as tensões decorrentes das saliências dobradas durante a fricção são realmente grandes o suficiente para gerar eletricidade estática. Isso pode explicar uma série de observações experimentais, como por que as cargas são produzidas mesmo quando duas peças do mesmo material são esfregadas, e prevê cargas medidas experimentalmente com precisão notável.
"Nossa descoberta sugere que triboeletricidadeflexoeletricidade e atrito estão indissociavelmente ligados," disse o professor Laurence Marks. "Isso fornece muitas informações sobre como ajustar o desempenho triboelétrico para as aplicações atuais e a expansão da funcionalidade para novas tecnologias".
Agora é esperar que outras equipes validem o modelo teórico e confirmem que ele pode realmente explicar dados experimentais e prever comportamentos ainda não medidos. E explicar porque nem todos os materiais produzem eletricidade estática ao serem esfregados.
Bibliografia:

Artigo: Does Flexoelectricity Drive Triboelectricity?
Autores: Christopher A. Mizzi, Alex Y. W. Lin, Laurence D. Marks
Revista: Physical Review Letters
Vol.: 123, 116103
DOI: 10.1103/PhysRevLett.123.116103
Link: https://arxiv.org/abs/1904.10383

SITE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA. Finalmente uma explicação para a eletricidade estática?. 24/09/2019. Online. Disponível em www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=finalmente-explicacao-eletricidade-estatica. Capturado em 25/09/2019.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Notícias - Ex-aluno de Física da UVA é aprovado em Mestrado em Astronomia no Observatório Nacional

Parabéns por sua grande conquista Wesley, com dedicação e  muito trabalho as barreiras são superadas e os limites são ultrapassados, fico imensamente feliz por ter seguido o caminho da Ciência ! 


O estudante Francisco Wesley de Oliveira Mesquita, graduado em Física pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) foi admitido no Programa de Pós-Graduação em Astronomia do Observatório Nacional, no Rio de Janeiro. Wesley foi aprovado em julho de 2019 e iniciou as atividades do Curso de Mestrado no mês de agosto, sendo orientando da Professora Daniela Lazzaro, pesquisadora titular do Observatório Nacional, membro da Academia de Ciências da América Latina, e Vice-Presidente da União Astronômica Internacional.
O ex-aluno da UVA irá trabalhar no projeto Iniciativa de Mapeamento e Pesquisa de Asteroides nas Cercanias da Terra (IMPACTON), no Observatório Nacional, e no Observatório Astronômico do Sertão de Itaparica (OASI), em Pernambuco. No projeto também trabalham outros dois ex-alunos da Universidade Estadual Vale do Acaraú, Marçal Evangelista Santana (Doutorado) e Hissa Maria Lúcio Medeiros (Doutorado).
Francisco Wesley de Oliveira Mesquita foi bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) e bolsista de Iniciação Científica do Programa de Bolsa de Permanência Universitária (PBPU). “Para mim é uma grande satisfação e honra poder representar o curso de Física e a Universidade Estadual Vale do Acaraú no Observatório Nacional; fui bolsista dos programas da UVA, e sei o quanto isso me ajudou a chegar até aqui, juntamente com o apoio dos professores do Curso de Física”, afirma Wesley.
O Programa de Pós-Graduação em Astronomia do Observatório Nacional tem como objetivo principal "aperfeiçoar a formação em Astronomia de graduados nas áreas de Física, Astronomia, Matemática e ciências afins, e formar pesquisadores e profissionais para o mercado de trabalho". Com áreas de concentração em Astronomia e Astrofísica, o Programa já formou 99 doutores e 137 mestres em Astronomia, desde a sua criação em 1973 até 2018.
O Observatório Nacional é uma instituição de ensino e pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), fundada em 1827, sendo a mais antiga instituição brasileira de pesquisa nas áreas de Astronomia, Geofísica e Metrologia em Tempo e Frequência.
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Dispónivel em:http://www.uvanet.br/

Quando o Hubble olha para Saturno, é nisso que dá

Redação do Site Inovação Tecnológica - 13/09/2019
Quando o Hubble olha para Saturno, é nisso que dá
A última foto de Saturno, tirada pelo telescópio espacial Hubble, capturou detalhes do sistema de anéis - que se parece com o registro fonográfico com ranhuras dos antigos discos de vinil.
[Imagem: NASA/ESA/A. Simon/M.H. Wong/OPAL Team]

Planeta deslumbrante
Saturno é tão deslumbrante que os astrônomos não conseguem resistir em usar o telescópio espacial Hubble para tirar fotos anuais desse mundo e seus anéis quando ele está a uma distância mais próxima da Terra.
A câmera de campo largo 3, do Hubble, observou Saturno conforme o planeta se aproximava mais da Terra este ano, a aproximadamente 1,36 bilhões de quilômetros de distância.
Essas imagens, no entanto, são mais do que apenas belas fotos. Elas revelam um planeta com uma atmosfera turbulenta e dinâmica com um nível de detalhamento que só dá para superar enviando uma nave até lá.
A imagem deste ano, por exemplo, mostra que uma grande tempestade visível na imagem de 2018, na região polar norte, desapareceu.
Mas tempestades menores surgiram como grãos de pipoca pulando na panela - elas vão desaparecer rapidamente. Até a estrutura em faixas do planeta revela mudanças sutis de cor.
Mas a imagem mais recente mostra muita coisa que não mudou. O misterioso padrão de seis lados, chamado de "hexágono", ainda está lá no pólo norte. Causado por um jato de alta velocidade, o hexágono foi descoberto em 1981 pela sonda Voyager 1, e só recentemente os cientistas conseguiram reproduzir esse padrão em experimentos de laboratório aqui na Terra. Não se sabe porque ele não ocorre no pólo sul de Saturno.
Os anéis também aparecem em detalhes impressionantes, o que é importante porque a idade do sistema de anéis de Saturno continua uma questão em aberto. E, mais desconcertante ainda, não se sabe qual evento cósmico formou os anéis - atualmente, não há consenso entre os astrônomos sobre o assunto.
SITE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA. Quando o Hubble olha para Saturno, é nisso que dá. 13/09/2019. Online. Disponível em www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=quando-hubble-olha-saturno. Capturado em 19/09/2019.

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

A pior previsão já feita pela Física pode ter sido solucionada

Redação do Site Inovação Tecnológica - 10/09/2019
A pior previsão já feita pela Física pode ter sido solucionada
Por enquanto não há nenhuma pista da energia escura - e nem da matéria escura.
[Imagem: JHUAPL/SwRI]

Mancadas científicas
Você conhece a história: Einstein acreditava que o Universo era estático, embora sua teoria indicasse outra coisa. Para ajeitar tudo, ele introduziu em suas equações a constante cosmológica λ (lambda), e o Universo parou.
A parada - apenas na cabeça dos físicos, é claro - foi rápida porque, em 1929, Georges Lemaitre descobriu a expansão do Universo com dados observacionais, o que fez Einstein chamar sua constante de "a maior mancada da minha vida" (The greatest blunder of my life).
A coisa ficou mais séria em 1998, quando a análise de supernovas distantes mostrou que o Universo estava não apenas acelerando, mas que essa aceleração estava se tornando cada vez maior.
A constante cosmológica foi mais uma vez chamada à cena para descrever o fenômeno, que os físicos chamam de "energia do vácuo", uma energia cuja natureza é desconhecida - hoje ela é chamada de energia escura, quintessência e outros nomes menos comuns -, mas à qual é atribuída a responsabilidade pela aceleração da expansão do Universo.
Mas aí surgiu um problema ainda maior, talvez o maior de toda a Física.
A teoria prevê que a constante cosmológica vale 3,83 × 10+69 m-2. As observações mais precisas já feitas, por sua vez, com base na radiação de fundo de micro-ondas, chegaram a um valor de 1,11 × 10-52 m-2, o que é minúsculo, mas ainda assim suficiente para explicar a expansão acelerada.
Essa diferença gigantesca - 10+121, isto é, um "1" seguido de 121 "0" - passou a ser conhecida como a pior previsão já feita por qualquer teoria no campo da Física.
Constantes que variam
Agora, Lucas Lombriser, da Universidade de Genebra, na Suíça, quer tirar essa sujeira de debaixo do tapete. E, para isso, ele teve uma ideia, por assim dizer, mirabolante.
O truque consiste em introduzir uma variação na constante universal de gravitação G, bolada por Newton, mas que aparece nas equações de Einstein.
Sim, uma variação em uma constante significa torná-la "inconstante". A ideia de "constantes inconstantes" não é exatamente nova para os físicos, e há mesmo alguns indícios experimentais de que a força da gravidade pode não ser constante.
A pior previsão já feita pela Física pode ter sido solucionada
É claro que sempre há outras possibilidades: Livrar-se da matéria escura e da energia escura é uma delas. Ou então dispensar a energia escura para explicar a aceleração da expansão do Universo.
[Imagem: Sandbox Studio/Ana Kova]
Teoria dos Muitos Mundos
A interpretação prática da variação na gravidade proposta por Lombriser é que nosso Universo, com um G = 6,67408 × 10-11 m3 / kg s2, seria um caso especial entre um infinito número de diferentes possibilidades.
Isso se encaixa na "Teoria dos Muitos Mundos", que propõe a existência de múltiplos universos paralelos, incomunicáveis entre si, cada um emergindo conforme cada função de onda colapse - observe que a "Teoria dos Muitos Mundos" é diferente da teoria dos Multiversos, que propõe a existência de múltiplos universos independentes em diferentes regiões do espaço-tempo, o que pode permite que um "toque" no outro.
Por exemplo, quando uma medição decidir se o gato de Schrodinger está vivo ou morto, e ele se manifestar vivo em nosso Universo, o gato emergirá morto noutro universo ao qual nunca teremos acesso, mas que é igualmente real porque ambas as opções, vivo e morto, são igualmente verdadeiras para a mecânica quântica.
A matemática do professor Lombriser não chega a λ, mas ao parâmetro ωλ (ômega lambda), que é outra maneira de expressar a constante cosmológica, mas que é mais fácil de manipular e de entender. Esse parâmetro designa a fração atual do Universo que é composta de energia escura (o restante sendo composto de matéria). O valor teórico obtido é 0,704 ou 70,4%, o que é muito mais próximo da melhor estimativa experimental obtida até o momento, 0,685 ou 68,5%, do que a discrepância de 10121.
A comunidade dos físicos achou a ideia boa, e agora já há muita gente trabalhando para descobrir se a matemática do professor Lombriser pode ser usada para reinterpretar ou esclarecer outros mistérios da cosmologia.
O mais importante, contudo, será verificar se a nova teoria pode ser usada para fazer uma previsão experimental que possa ser testada na prática e ver se os resultados batem. Simples assim. Enquanto isso, é melhor não dispensar o tapete e a vassoura.
Bibliografia:

Artigo: On the cosmological constant problem
Autores: Lucas Lombriser
Revista: Physics Letters B
Vol.: 797, 134804
DOI: 10.1016/j.physletb.2019.134804
Fonte: Inovação tecnológica

Cientistas descobrem água pela primeira vez em planeta extrassolar habitável


O K2-18b também tem superfície rochosa, tornando-se o melhor candidato para vida fora da Terra

Ilustração mostra o K2-18b, uma super-Terra, que tem temperaturas que suportam vida e água M. KORNMESSER / AFp
POR AFP

11/09/19 - 15h42 Atualizado: 
RIO — Água foi descoberta pela primeira vez na atmosfera de um planeta extrassolar, ou seja que orbita uma estrela que não nosso Sol, com temperaturas semelhantes as da Terra que poderiam sustentar a vida como a conhecemos, segundo anunciaram cientistas na quarta-feira.
Duas vezes maior que a Terra e com oito vezes a sua massa, o K2-18b orbita na "zona habitável" de sua estrela à distância — nem muito longe nem muito perto — onde a água pode existir em forma líquida, disseram os cientistas à revista Nature Astronomy .

— Este planeta é o melhor candidato que temos fora do nosso sistema solar [na busca por sinais de vida] — disse a astrônoma da University College London e co-autora do estudo, Giovanna Tinetti. — Não podemos afirmar que haja oceanos na superfície, mas é uma possibilidade real.
Dos mais de 4.000 exoplanetas detectados até o momento, este é o primeiro conhecido a combinar uma superfície rochosa e uma atmosfera com água. A maioria dos exoplanetas com atmosferas são bolas gigantes de gás, e os poucos planetas rochosos parecem não ter atmosfera. Mesmo se tivessem, a maioria dos planetas semelhantes à Terra está muito longe de suas estrelas para ter água líquida ou tão próximo que a água teria evaporado.
Descoberto em 2015, o K2-18b é uma das centenas de chamadas "super-Terras" — planetas com até dez vezes a massa da nossa — detectada pela sonda Kepler da NASA. Espera-se que missões espaciais futuras detectem mais centenas nas próximas décadas.
Condições
— Encontrar água em um mundo potencialmente habitável que não seja a Terra é incrivelmente emocionante — disse o principal autor da pesquisa, Angelos Tsiaras, também da UCL.
Trabalhando com dados espectroscópicos (que medem a interação entre a radiação eletromagnética e a matéria) capturados em 2016 e 2017 pelo Telescópio Espacial Hubble, Tsiaras e sua equipe usaram algoritmos de código aberto para analisar a luz das estrelas filtrada na atmosfera do K2-18b. Eles encontraram a assinatura inconfundível de vapor de água.
Exatamente quanta água ainda é incerto, mas os modelos por computador sugerem concentrações entre 0,1% e 50%. Em comparação, a porcentagem de vapor de água na atmosfera da Terra varia entre 0,2% acima dos pólos e até 4% nos trópicos.
Também havia evidências de hidrogênio e hélio. Nitrogênio e metano também podem estar presentes, mas com a tecnologia atual não é possível detectar, disse o estudo.
Mais pesquisas serão capazes de determinar a extensão da cobertura de nuvens e a porcentagem de água na atmosfera.
A água é crucial na busca pela vida, em parte porque transporta oxigênio.
— A vida como conhecemos é baseada na água—, disse Tinetti.
Busca
K2-18b orbita uma estrela anã vermelha a cerca de 110 anos-luz de distância — um milhão de bilhões de quilômetros — na constelação de Leão da Via Láctea, e provavelmente é bombardeado por radiação mais destrutiva que a Terra.
— É provável que esta seja a primeira de muitas descobertas de planetas potencialmente habitáveis— disse o astrônomo da UCL Ingo Waldmann, também co-autor do estudo.
Segundo ele, isso não é apenas porque super-Terras como K2-18b são os planetas mais comuns em nossa galáxia, mas também porque anãs vermelhas — estrelas menores que o nosso Sol — são as estrelas mais comuns.
A nova geração de instrumentos de observação espacial, liderados pelo Telescópio Espacial James Webb e pela missão Ariel, da Agência Espacial Européia, será capaz de descrever as atmosferas de exoplanetas com muito mais detalhes.
Ariel, prevista para um lançamento em 2028, exibirá cerca de 1.000 planetas, uma amostra grande o suficiente para procurar padrões e identificar discrepâncias.
— Mais de 4.000 exoplanetas foram detectados, mas não sabemos muito sobre sua composição e natureza — disse Tinetti. — Observando uma grande amostra de planetas, esperamos revelar segredos sobre sua química, formação e evolução.

Disponível em: O Globo