sábado, 27 de janeiro de 2018

Brasil é promovido à elite da matemática mundial

O IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada) e a SBM (Sociedade Brasileira de Matemática) anunciaram nesta quinta-feira (25) o ingresso do Brasil na elite da matemática mundial. A União Matemática Internacional (IMU, na sigla em inglês) acaba de aprovar a entrada do país no Grupo 5, que reúne as nações mais desenvolvidas em pesquisa matemática.
O anúncio foi feito em entrevista coletiva realizada na sede do IMPA, no Rio, com a presença do diretor-geral do instituto, Marcelo Viana; do presidente da SBM, Paulo Piccione; da secretária-executiva do Ministério da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro; e do secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Elton Santa Fé Zacarias.
Também participaram do anúncio representantes da história da matemática brasileira, como Artur Avila, Medalha Fields 2014; Mauricio Peixoto, um dos pioneiros que fundaram o IMPA, em 1952; Jacob Palis, mais laureado profissional brasileiro da matemática; e Claudio Landim, diretor-adjunto do IMPA.
A candidatura do Brasil ao Grupo 5 foi apresentada em 2017 pelo IMPA e pela SBM ao organismo que congrega as sociedades matemáticas de países de todo o mundo. Atualmente, 76 nações são membros da IMU, criada em 1920 para promover a cooperação internacional em matemática.
Os países são divididos em cinco categorias, por ordem de excelência. Além do Brasil, mais dez países integram o Grupo 5: Alemanha, Canadá, China, Estados Unidos, França, Israel, Itália, Japão, Reino Unido e Rússia.
O diretor-geral do IMPA revelou esperar que a honraria represente um “passo para uma trajetória ainda mais ascendente” da matemática brasileira. “A pesquisa matemática brasileira é consolidada, se disseminou. Ao longo das décadas nossa capacidade de pesquisa e formação de pesquisadores cresceu muito. O fato de a matemática brasileira estar agora ao lado dos países de maior expressão e relevância na matemática global representa o reconhecimento da qualidade da pesquisa matemática feita no país”, disse Marcelo Viana.
A mudança de classificação dos países é decidida pela IMU após recomendação do Comitê Executivo. São analisadas informações como o número e a qualidade de programas de pós-graduação e sua distribuição territorial, o total de publicações científicas divulgadas em meios importantes e os nomes de destaque na área. O presidente da SBM destacou a qualidade dos pesquisadores matemáticos brasileiros. “São excepcionais”, afirmou Piccione.
A secretaria-executiva do Ministério da Educação definiu como um “orgulho para o país” o “trabalho que o IMPA vem fazendo”. “Precisamos formar bons professores de matemática, e a pesquisa matemática pode ajudar muito a alcançarmos este objetivo”, disse Maria Helena Guimarães de Castro.
O secretário-executivo do CTIC enalteceu o fato de o Brasil ser “um dos 20 maiores (países) produtores de pesquisas do mundo”. “O IMPA é uma instituição de excelência reconhecida mundialmente”, afirmou Zacarias.
O Brasil é membro da IMU desde 1954. Ingressou dois anos após a fundação do IMPA, que ocupa papel fundamental na consolidação do país no cenário internacional da matemática.  Em pouco mais de meio século, ascendeu ao topo da classificação – subiu para o Grupo 2 em 1978; ao 3 em 1981; e, em 2005, ao Grupo 4.
A promoção ao Grupo 5 é consequência da contribuição brasileira à matemática mundial e reconhece a excelência do trabalho da pesquisa nacional. Nos últimos anos, houve considerável crescimento da publicação científica brasileira, além de distinções obtidas por seus pesquisadores com alguns dos principais prêmios mundiais – entre os quais se destaca a Medalha Fields, recebida por Artur Avila. Em 2006, logo após a promoção ao Grupo 4, representava 1,53% da produção matemática mundial (1.043 papers). Uma década depois, a produção nacional saltou para 2,35% (2.076 papers).
A entrada no Grupo 5 ocorre no ano em que o Brasil sediará, de 1º a 9 de agosto, o Congresso Internacional de Matemáticos (ICM na sigla em inglês) – mais importante encontro mundial da área –, pela primeira vez realizado no Hemisfério Sul.  Na edição de 2014, Artur Avila, pesquisador extraordinário do IMPA, foi o primeiro brasileiro a receber a Medalha Fields, considerada o “Nobel” da Matemática.
Assim como a Olimpíada Internacional de Matemática (IMO), promovida em julho de 2017 no Rio, o ICM é resultado do prestígio do Brasil no cenário matemático internacional. Os eventos integram o Biênio da Matemática 2017-2018, uma série de iniciativas nacionais e internacionais para estimular, popularizar e fomentar melhorias no ensino da matemática no país, destacando sua relevância para o desenvolvimento pessoal e econômico.
  • PAÍSES DO GRUPO 5
Alemanha, Brasil, Canadá, China, Estados Unidos, França, Israel, Itália, Japão, Reino Unido e Rússia
  • EVOLUÇÃO DO BRASIL NO RANKING DA IMU
O Brasil ingressou na IMU em 1954, como membro do Grupo 1. Foi promovido ao Grupo 2, em 1978; ao Grupo 3, em 1981 e ao Grupo IV, em 2005.
  • FATORES QUE LEVARAM O BRASIL AO GRUPO 5
Progresso notável da produção científica brasileira na área, em termos qualitativos e quantitativos.
Expansão do sistema de pós-graduação (mestrado e doutorado) em matemática no Brasil, em nível de qualidade compatível com os melhores padrões internacionais.
Crescimento da colaboração regional e internacional dos matemáticos brasileiros com colegas de todo o mundo e crescente papel internacional de nossas instituições

Confiança por parte da comunidade matemática mundial na maturidade da matemática brasileira e em sua capacidade para organizar grandes eventos, como o ICM2018.
Fonte: IMPA

Laser que emite átomos em vez de luz próximo da realidade

Redação do Site Inovação Tecnológica -  

Laser atômico emite feixes de átomos, em vez de luz
Equipamento usado para separar os diferentes estágios de resfriamento no espaço, em vez de no tempo. [Imagem: UVA]









Laser atômico
O laser já foi apontado como uma das invenções de mais longo alcance da nossa era tecnológica.
A expectativa é que um futuro laser atômico - um laser no qual as ondas de luz são substituídas pelas ondas quânticas dos átomos - possa ter aplicações igualmente importantes, por exemplo, na construção de relógios ultraprecisos, na litografia, em imageamento e, a bem dizer, em um número ainda não imaginado de aplicações.
Em um laser comum, as ondas de luz formam um estado coerente: quando essas ondas saem do laser, elas oscilam exatamente da mesma maneira, com a mesma frequência e na mesma fase. A mecânica quântica nos diz que as partículas de que somos feitos - quarks, elétrons e até mesmo átomos inteiros - também possuem propriedades semelhantes a ondas.
Mas será que os átomos também podem ser colocados em um estado coerente? Será que poderemos construir um laser que, em vez de luz, brilhe com átomos?
Que a resposta teórica a esta questão é "sim" é um fato que qualquer estudante de física pode demonstrar facilmente. Mas Shayne Bennetts e Chun-Chia Chen, da Universidade de Amsterdã, na Holanda, deram agora um passo importante para viabilizar a construção prática de um laser atômico.
Emissão laser de átomos
A bem da verdade, emissões laser de átomos já foram demonstradas na prática, mas com os átomos sendo extraídos de um condensado de Bose-Einstein, uma nuvem de gás a uma temperatura muito baixa na qual todos os átomos são colocados no mesmo estado de onda quântica. Para isto é necessário resfriar o gás em vários estágios, que duram dezenas de segundos cada um.
Isto significa que os átomos são extraídos em golfadas, com a emissão laser funcionando por frações de segundo e depois precisando esperar dezenas de segundos para emitir outro pulso. Contudo, para ser prático, o laser atômico precisa funcionar continuamente. O desafio real, portanto, é colocar os átomos no mesmo estado de onda com rapidez suficiente para que o laser atômico tenha acesso a um fornecimento contínuo de partículas coerentes.
A sacada de Bennetts e Chen foi que um fornecimento contínuo de átomos coerentes pode ser obtido separando os diferentes estágios de resfriamento no espaço, em vez de no tempo. Cada estágio do resfriamento ocorre em um local diferente: os átomos são resfriados por lasers comuns enquanto estão a caminho do local onde o laser de átomos final será emitido.
A equipe conseguiu fazer isso explorando as propriedades especiais do estrôncio, um elemento com a estrutura eletrônica certa para ser resfriada aos poucos, passo a passo, enquanto está em movimento.
No estágio atual, eles implementaram as primeiras etapas do resfriamento contínuo, levando à existência permanente de uma nuvem de gás que é muito mais fria e muito mais densa do que em qualquer tentativa anterior. Mas ainda falta a caracterização definitiva dessa emissão em nuvem como um condensado de Bose-Einstein.
A equipe espera alcançar esse nível e produzir uma emissão contínua de laser atômico no próximo ano.

Bibliografia:

Steady-State Magneto-Optical Trap with 100-Fold Improved Phase-Space Density
Shayne Bennetts, Chun-Chia Chen, Benjamin Pasquiou, Florian Schreck
Physical Review Letters
Vol.: 119, 223202
DOI: 10.1103/PhysRevLett.119.223202
Fonte: Inovação tecnológica

Melhor que holograma: Imagem 3D flutua ao ar livre

Redação do Site Inovação Tecnológica -  

Melhor que holograma: Imagem 3D flutua ao ar livre
A imagem é formada pelo fenômeno da persistência de visão. [Imagem: Julie Walker/Brian Wilcox/Hannah Hansen/BYU]
Tela 3D ao ar livre
Você ainda não conseguirá ver a Princesa Leia em toda a sua glória - dizendo a Obi Wan Kenobi que ele é sua última esperança -, mas engenheiros comprovaram que os hologramas não são a única esperança para obtermos vídeos 3D realísticos, flutuando livremente no espaço.
Daniel Smalley e Erich Nygaard, da Universidade Brigham Young, nos EUA, criaram o primeiro protótipo de uma tela 3D baseada no que eles chamam de "armadilha fotoforética".
A fotoforese é um fenômeno no qual partículas ficam suspensas em um líquido ou gás - que pode ser o ar atmosférico - e podem ser movimentadas usando gradientes térmicos, com o calor geralmente fornecido por uma fonte de luz laser. Este é o princípio por trás da maioria dos experimentos com raios tratores a laser- há também raios tratores sônicosmagnéticos e até raios tratores mecânicos.
Ou seja, não se trata de um holograma.
Persistência de visão
Como o calor para prender e movimentar as minúsculas partículas de celulose é fornecido por um laser, é possível controlar a cor com que elas aparecem.
Sua movimentação rápida, por sua vez, produz uma imagem por um processo conhecido como "persistência de visão", a ilusão provocada quando um objeto visto pelo olho humano persiste na retina por uma fração de segundo após a sua percepção - imagens projetadas a um ritmo superior a 16 quadros por segundo sucedem-se na retina sem interrupção, formando um filme.
"Nós usamos um feixe de laser para aprisionar uma partícula, e então podemos movimentar o laser para mover a partícula e criar a imagem," explicou Nygaard.
Melhor que holograma: Imagem 3D flutua ao ar livre
O píxel 3D é formado por uma minúscula esfera de celulose iluminada por lasers de diversas cores - a estrutura embaixo é o dedo do engenheiro. [Imagem: Julie Walker/Brian Wilcox/Hannah Hansen/BYU]
Impressão 3D de luz
Smalley prefere comparar essa tela volumétrica com uma impressão 3D para a luz: "Esta tela é como uma impressora 3D para a luz. Você está de fato imprimindo um objeto no espaço com essas minúsculas partículas."
Até o momento, o protótipo já conseguiu apresentar uma borboleta, um prisma, o logotipo da universidade, diversos tipos de anéis e estruturas helicoidais e, para apontar para os objetivos futuros, uma pessoa com um jaleco inclinado como a princesa de Guerra nas Estrelas quando ela começa a transmitir sua mensagem icônica.
"Nós chamamos informalmente esse trabalho de Projeto Princesa Leia. Nosso grupo tem a missão de pegar as telas 3D da ficção científica e torná-las realidade. Nós criamos uma tela que pode fazer isto," disse Smalley.

Bibliografia:

A photophoretic-trap volumetric display
Daniel E. Smalley, Erich Nygaard, K. Squire, J. Van Wagoner, J. Rasmussen, S. Gneiting, K. Qaderi, J. Goodsell, W. Rogers, M. Lindsey, K. Costner, A. Monk, M. Pearson, B. Haymore, J. Peatross
Nature
DOI: 10.1038/nature25176
Fonte: Inovação Tecnológica

sábado, 20 de janeiro de 2018

NASA desenvolve novo instrumento para procurar vida fora da Terra

Redação do Site Inovação Tecnológica -  

NASA desenvolve novo instrumento para procurar vida fora da Terra
O aparelho também terá usos na Terra, da biópsia de câncer à análise de alimentos. [Imagem: M. Nurul Abedin/NASA Langley Research Center]
Detector de vida extraterrestre
Engenheiros da NASA e da Universidade do Havaí desenvolveram um instrumento de espectroscopia inovador para ajudar na busca pela vida extraterrestre.
Embora nenhuma evidência de vida fora da Terra tenha sido encontrada até agora, a procura de evidências de vida presente ou passada em outros planetas continua a ser uma parte importante do Programa de Exploração Planetária da NASA.
O novo instrumento foi projetado para detectar compostos e minerais associados à atividade biológica mais rapidamente e com maior sensibilidade do que os instrumentos atuais, além de ser pequeno o suficiente para ser embarcado em sondas e robôs espaciais.
O aparelho otimiza uma técnica analítica conhecida como microespectroscopia Raman. Esta técnica utiliza a interação entre a luz de um laser e uma amostra para fornecer informações sobre a composição química da amostra em escala microscópica. Com ela é possível detectar compostos orgânicos, como os aminoácidos encontrados nos seres vivos, e identificar minerais formados por processos bioquímicos que possam indicar a vida em outros planetas.
"Nosso instrumento é um dos espectrômetros Raman mais avançados já desenvolvidos," disse o professor Nurul Abedin. "Ele supera algumas das principais limitações dos instrumentos tradicionais de micro-Raman e foi projetado para servir como um instrumento ideal para futuras missões que usem robôs ou sondas de pouso para explorar a superfície de Marte ou Europa, a lua gelada de Júpiter".
Espectroscopia micro-Raman
O sistema, batizado de SUCR - sigla em inglês para instrumento micro-Raman ultra-compacto - é capaz de realizar o exame de amostras a 10 centímetros do instrumento com uma resolução de 17 micrômetros. Como o novo espectrômetro é significativamente mais rápido e extremamente compacto, ele poderá ser útil tanto para aplicações espaciais como para análises biomédicas e de alimentos em tempo real.
"A espectroscopia micro-Raman está sendo explorada para detectar câncer de pele sem biópsia e pode ser usada para aplicações de análise de alimentos, como a medição de cafeína nas bebidas," explicou Abedin. "Nosso sistema pode ser usado para essas e outras aplicações para fornecer uma análise química rápida que não exige o envio de amostras para um laboratório".
Nos primeiros testes, o instrumento SUCR analisou com sucesso minerais e compostos orgânicos que podem estar associados à vida na Terra e em outros planetas, incluindo enxofre, naftaleno, mármore, água, minerais de calcita, aminoácidos e amostras misturadas.
Como próximo passo, os pesquisadores planejam testar o instrumento em ambientes que imitem aqueles encontrados em Marte e em outros planetas. Em seguida, eles começarão o processo de validação para demonstrar que o dispositivo funciona com precisão nas condições encontradas no espaço.

Bibliografia:

Standoff ultracompact micro-Raman sensor for planetary surface explorations
M. Nurul Abedin, Arthur T. Bradley, Anupam K. Misra, Yingxin Bai, Glenn D. Hines, Shiv K. Sharma
Applied Optics
Vol.: 57, Issue 1, pp. 62-68
DOI: 10.1364/AO.57.000062
fONTE: Inovação Tecnológica

Massa negativa traz nova forma de gerar laser

Redação do Site Inovação Tecnológica -  

Massa negativa traz nova forma de gerar laser
A luz confinada interage com uma camada atômica de semicondutor para criar partículas com massa negativa.[Imagem: Michael Osadciw/University of Rochester]
Massa negativa
A quase totalidade dos objetos reage de maneira previsível quando uma força é aplicada a eles. Mas, recentemente, descobriu-se que é possível criar objetos com massa negativa, objetos que reagem exatamente do modo oposto ao que você esperaria - você tenta atraí-los e eles vão para a frente, você tenta empurrá-los e eles vão na sua direção.
Agora, físicos conseguiram criar partículas com massa negativa no interior de um material semicondutor de espessura atômica, fazendo-o interagir com luz confinada em uma microcavidade óptica - o mesmo sistema usado em larga escala para criar raios laser.
"Isso por si só é interessante e entusiasmante da perspectiva da física. Mas também resulta que o dispositivo que criamos apresenta uma maneira de gerar luz laser com uma quantidade incrementalmente pequena de energia," contou o professor Nick Vamivakas, da Universidade de Rochester, nos EUA.
Trava o cérebro
O dispositivo consiste em dois espelhos que criam uma microcavidade óptica, que confina fótons de diferentes cores, dependendo do quanto os espelhos estão espaçados entre si.
Sajal Dhara e Chitraleema Chakraborty então incorporaram o semicondutor disseleneto de molibdênio, com espessura de uma única camada atômica, dentro da microcavidade. O semicondutor foi colocado de tal forma que sua interação com a luz resulta na criação de quasipartículas chamadas excitons, que então se combinam com os fótons da luz para formar outras quasipartículas, chamadas polaritons.
"Fazendo com que um exciton desista de parte de sua identidade para um fóton, para criar uma polariton, ficamos com um objeto que tem uma massa negativa associada a ele. Isso trava o cérebro só de pensar, porque se você tentar empurrá-lo ou puxá-lo, ele irá na direção oposta do que sua intuição indica," explicou Vamivakas.
Laser e física básica
Embora as aplicações práticas ainda tenham que ser desenvolvidas, o dispositivo é fundamentalmente um laser funcionando em escala subatômica, o que deverá atrair a atenção de vários grupos de pesquisas, por exemplo, no campo dos circuitos integrados fotônicos.
E há também as implicações da criação de uma massa negativa para a física, algo que ainda está longe de ser totalmente compreendido. "Estamos idealizando meios de aplicar empurrões e puxões - talvez aplicando um campo elétrico ao longo do dispositivo - e depois estudar como esses polaritons se movem no dispositivo sob aplicação de força externa," adiantou Vamivakas.

Bibliografia:

Anomalous dispersion of microcavity trion-polaritons
Sajal Dhara, Chitraleema Chakraborty, K. M. Goodfellow, Liangyu Qiu, Trevor A. O’Loughlin, Gary W. Wicks, Subhro Bhattacharjee, A. N. Vamivakas
Nature Physics
DOI: 10.1038/nphys4303
FONTE: INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Asa de borboleta aumenta absorção de células solares em 200%

Asa de borboleta aumenta absorção de células solares em 200%
Nanoestruturas da asa da borboleta que foram copiadas nas células solares, aumentando a absorção de luz em 200%.[Imagem: Radwanul H. Siddique (KIT/Caltech)]
Biomimética
A luz do Sol que chega às células solares mas é refletida representa uma perda de energia.
Por sua vez, as asas da borboleta Pachliopta aristolochiae têm minúsculos furos - nanofuros - que ajudam a absorver a luz em um amplo espectro, de forma muito mais eficiente do que as superfícies lisas - é por isso que ela é de um preto tão profundo.
Em um exemplo clássico de biomimética, Radwanul Siddique, do Instituto de Tecnologia Karlsruhe, na Alemanha, conseguiu reproduzir essas nanoestruturas das asas da borboleta em células solares comuns de silício.
O resultado foi um aumento na absorção da luz pelas células solares de 200%.
"A borboleta que estudamos é muito escura. Isso significa que ela absorve perfeitamente a luz solar para fazer um ótimo gerenciamento do calor. Ainda mais fascinante do que sua aparência são os mecanismos que a ajudam a atingir essa alta absorção. O potencial de otimização quando transferimos essas estruturas para os sistemas fotovoltaicos foi muito maior do que o esperado," disse o professor Hendrik Hölscher.
Absorção de luz e geração de eletricidade
O ganho de 200% na absorção de luz parece estupendo, e é, mas ele representa um limite teórico, não se traduzindo inteiramente em um ganho na eficiência do painel solar como um todo em termos de sua capacidade de geração de eletricidade.
Isto porque nem todo o ganho na junção semicondutora - a célula solar propriamente dita - pode ser aproveitado pelos demais componentes do painel.
Por outro lado, a técnica de perfuração das células solares - para criação dos nanofuros - é compatível com as técnicas de fabricação usadas pela indústria, facilitando sua adoção.

Bibliografia:

Bioinspired phase-separated disordered nanostructures for thin photovoltaic absorbers
Radwanul H. Siddique, Yidenekachew J. Donie, Guillaume Gomard, Sisir Yalamanchili, Tsvetelina Merdzhanova, Uli Lemmer, Hendrik Hölscher
Science Advances
Vol.: 3, no. 10, e1700232
DOI: 10.1126/sciadv.1700232
Fonte: Inovação Tecnológica

Como os humanos podem manter o controle final sobre a inteligência artificial?

Como os humanos podem manter o controle final sobre a inteligência artificial?
"A inteligência artificial sempre procurará evitar a intervenção humana e criar uma situação em que ela não possa ser interrompida." [Imagem: Pixabay/CC0 Creative Commons]
Máquinas sem controle humano
Na inteligência artificial, as máquinas realizam ações específicas, observam o resultado, adaptam seu comportamento, observam o novo resultado, adaptam seu comportamento mais uma vez, e assim por diante, aprendendo com este processo iterativo.
Mas será que esse processo não pode sair fora de controle? Sim, ele pode.
"A inteligência artificial sempre procurará evitar a intervenção humana e criar uma situação em que ela não possa ser interrompida," explica o professor Rachid Guerraoui, da Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça.
Isso significa que, antes que a inteligência das máquinas avance muito, os engenheiros precisam impedir que as máquinas acabem aprendendo a contornar os comandos humanos.
Como os humanos podem manter o controle final sobre a inteligência artificial?
Inteligência Paralela promete trazer novos complicadores para o risco de máquinas sem controle humano. [Imagem: Fei-Yue Wang et al. (2016)]
Quando a máquina dispensa o professor
Um dos métodos de aprendizagem de máquina mais usados em inteligência artificial é o aprendizado por reforço, uma técnica emprestada da psicologia comportamental. Os agentes - os programas de computador - são recompensados por realizar certas ações, com as máquinas ganhando pontos sempre que executam as ações corretas.
Por exemplo, um robô pode ganhar um ponto por empilhar corretamente um conjunto de caixas e outro ponto para pegar uma caixa que está lá fora. Mas se, em um dia chuvoso, por exemplo, um operador humano interromper o robô enquanto ele se dirige para fora para coletar uma caixa, o robô descobrirá que é melhor ficar dentro do armazém, empilhar caixas e ganhar o maior número possível de pontos.
"O desafio não é parar o robô, mas sim programá-lo para que a interrupção não altere seu processo de aprendizagem - e não o induza a otimizar seu comportamento de forma a evitar ser interrompido," explicou Guerraoui.
O problema é ainda maior em situações envolvendo dezenas de máquinas, como os carros sem motorista, ou de autocondução, ou frotas de drones no ar tentando fazer entregas, entre várias outras possibilidades.
"Isso torna as coisas muito mais complicadas porque as máquinas começam a aprender umas com as outras - especialmente no caso de interrupções. Elas aprendem não só como são interrompidas individualmente, mas também de como as outras são interrompidas," detalha Alexandre Maurer, coautor do trabalho.
Como os humanos podem manter o controle final sobre a inteligência artificial?
Máquinas que aprendem podem ser muito úteis; desde que não aprendam a ignorar o ser humano. [Imagem: U. Sheffield]
Desneuralizador
Para tentar resolver essa complexidade, a equipe aplicou uma técnica que eles batizaram de "interrupção segura".
"Simplificando, adicionamos mecanismos de 'esquecimento' aos algoritmos de aprendizagem que essencialmente deletam bits da memória de uma máquina. É mais ou menos como o desneuralizador dos Homens de Preto," explicou El Mhamdi, outro autor do estudo.
Em outras palavras, os pesquisadores alteraram o sistema de aprendizado e recompensa das máquinas para que ele não seja afetado pelas interrupções. É como se um pai punisse o filho, mas cuidando para que isso não afete os processos de aprendizagem das outras crianças na família.
"Nós trabalhamos em algoritmos já existentes e mostramos que a interrupção segura pode funcionar não importando o quão complicado seja o sistema de inteligência artificial, o número de robôs envolvidos ou o tipo de interrupção. Nós podemos usá-lo com o Exterminador do Futuro e ainda ter os mesmos resultados," garantiu Maurer.
O que o pesquisador não pode garantir é que todos os projetistas de software vão incorporar o mecanismo de interrupção segura em seus programas.

Bibliografia:

Dynamic Safe Interruptibility for Decentralized Multi-Agent Reinforcement Learning
El Mahdi El Mhamdi, Rachid Guerraoui, Hadrien Hendrikx, Alexandre Maurer
NIPS 2017 Proceedings
https://arxiv.org/abs/1704.02882
Fonte: Inovação Tecnológica