O IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada) e a SBM
(Sociedade Brasileira de Matemática) anunciaram nesta quinta-feira (25) o ingresso do Brasil na elite
da matemática mundial. A União Matemática Internacional
(IMU, na sigla em inglês) acaba de aprovar a entrada do país no Grupo 5, que
reúne as nações mais desenvolvidas em pesquisa matemática.
O anúncio foi feito em entrevista coletiva realizada na sede do
IMPA, no Rio, com a presença do diretor-geral do instituto, Marcelo Viana; do
presidente da SBM, Paulo Piccione; da secretária-executiva do Ministério da
Educação, Maria Helena Guimarães de Castro; e do secretário-executivo do
Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Elton Santa Fé
Zacarias.
Também participaram do anúncio representantes da história da
matemática brasileira, como Artur Avila, Medalha Fields 2014; Mauricio Peixoto,
um dos pioneiros que fundaram o IMPA, em 1952; Jacob Palis, mais laureado
profissional brasileiro da matemática; e Claudio Landim, diretor-adjunto do
IMPA.
A candidatura do Brasil ao Grupo 5 foi apresentada em 2017 pelo
IMPA e pela SBM ao organismo que congrega as sociedades matemáticas de países
de todo o mundo. Atualmente, 76 nações são membros da IMU, criada em 1920 para
promover a cooperação internacional em matemática.
Os países são divididos em cinco categorias, por ordem de
excelência. Além do Brasil, mais dez países integram o Grupo 5: Alemanha,
Canadá, China, Estados Unidos, França, Israel, Itália, Japão, Reino Unido e
Rússia.
O diretor-geral do IMPA revelou esperar que a honraria represente
um “passo para uma trajetória ainda mais ascendente” da matemática brasileira.
“A pesquisa matemática brasileira é consolidada, se disseminou. Ao longo das
décadas nossa capacidade de pesquisa e formação de pesquisadores cresceu muito.
O fato de a matemática brasileira estar agora ao lado dos países de maior
expressão e relevância na matemática global representa o reconhecimento da
qualidade da pesquisa matemática feita no país”, disse Marcelo Viana.
A mudança de classificação dos países é decidida pela IMU após
recomendação do Comitê Executivo. São analisadas informações como o número e a
qualidade de programas de pós-graduação e sua distribuição territorial, o total
de publicações científicas divulgadas em meios importantes e os nomes de
destaque na área. O presidente da SBM destacou a qualidade dos pesquisadores
matemáticos brasileiros. “São excepcionais”, afirmou Piccione.
A secretaria-executiva do Ministério da Educação definiu como um
“orgulho para o país” o “trabalho que o IMPA vem fazendo”. “Precisamos formar
bons professores de matemática, e a pesquisa matemática pode ajudar muito a
alcançarmos este objetivo”, disse Maria Helena Guimarães de Castro.
O secretário-executivo do CTIC enalteceu o fato de o Brasil ser
“um dos 20 maiores (países) produtores de pesquisas do mundo”. “O IMPA é uma
instituição de excelência reconhecida mundialmente”, afirmou Zacarias.
O Brasil é membro da IMU desde 1954. Ingressou dois anos após a
fundação do IMPA, que ocupa papel fundamental na consolidação do país no
cenário internacional da matemática. Em pouco mais de meio século,
ascendeu ao topo da classificação – subiu para o Grupo 2 em 1978; ao 3 em 1981;
e, em 2005, ao Grupo 4.
A promoção ao Grupo 5 é consequência da contribuição brasileira à
matemática mundial e reconhece a excelência do trabalho da pesquisa nacional.
Nos últimos anos, houve considerável crescimento da publicação científica brasileira,
além de distinções obtidas por seus pesquisadores com alguns dos principais
prêmios mundiais – entre os quais se destaca a Medalha Fields, recebida por
Artur Avila. Em 2006, logo após a promoção ao Grupo 4, representava 1,53% da
produção matemática mundial (1.043 papers). Uma década depois, a produção
nacional saltou para 2,35% (2.076 papers).
A entrada no Grupo 5 ocorre no ano em que o Brasil sediará, de 1º
a 9 de agosto, o Congresso Internacional de Matemáticos (ICM na sigla em
inglês) – mais importante encontro mundial da área –, pela primeira vez
realizado no Hemisfério Sul. Na edição de 2014, Artur Avila, pesquisador
extraordinário do IMPA, foi o primeiro brasileiro a receber a Medalha Fields,
considerada o “Nobel” da Matemática.
Assim como a Olimpíada Internacional de Matemática (IMO),
promovida em julho de 2017 no Rio, o ICM é resultado do prestígio do Brasil no
cenário matemático internacional. Os eventos integram o Biênio da Matemática
2017-2018, uma série de iniciativas nacionais e internacionais para estimular,
popularizar e fomentar melhorias no ensino da matemática no país, destacando
sua relevância para o desenvolvimento pessoal e econômico.
- PAÍSES DO GRUPO 5
Alemanha, Brasil, Canadá, China, Estados Unidos, França, Israel,
Itália, Japão, Reino Unido e Rússia
- EVOLUÇÃO
DO BRASIL NO RANKING DA IMU
O Brasil ingressou na IMU em 1954, como membro do Grupo 1. Foi
promovido ao Grupo 2, em 1978; ao Grupo 3, em 1981 e ao Grupo IV, em 2005.
- FATORES
QUE LEVARAM O BRASIL AO GRUPO 5
Progresso notável da produção científica brasileira na área, em
termos qualitativos e quantitativos.
Expansão do sistema de pós-graduação (mestrado e doutorado) em
matemática no Brasil, em nível de qualidade compatível com os melhores padrões
internacionais.
Crescimento da colaboração regional e internacional dos
matemáticos brasileiros com colegas de todo o mundo e crescente papel
internacional de nossas instituições
Confiança por parte da comunidade matemática mundial na maturidade
da matemática brasileira e em sua capacidade para organizar grandes eventos,
como o ICM2018.
Fonte: IMPA
Fonte: IMPA
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