sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Brasil inaugura o Sirius, um dos mais modernos aceleradores de elétrons

Foi inaugurada nesta quarta-feira (14) a primeira fase do Sirius, o novo acelerador de partículas brasileiro em Campinas (SP). Quando concluído, o dispositivo será a mais avançada fonte de luz sincrotron do mundo. Com esse tipo de luz, o aparelho é capaz de analisar partículas atômicas em alta resolução.
No total, o Sirius deve custar R$ 1,8 bilhão quando finalizado, e R$ 1,3 bilhão já foram investidos. A estimativa é de que ele esteja 100% operacional em 2021. No momento, todo o edifício que abriga o Sirius ficou pronto, bem como dois dos três aceleradores projetados; 85% de toda a tecnologia utilizada foi obtida diretamente no Brasil.
O coordenador do projeto Sirius, Antônio José Roque — diretor-geral do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais —, diz que esse será um laboratório aberto aos pesquisadores. Um dos objetivos centrais do acelerador, contudo, é aperfeiçoar pesquisas na produção de petróleo e gás.
Sempre se diz que o Brasil é o país do futuro. Com esse projeto, pode-se dizer que o futuro chegou 
O Presidente da República, Michel Temer, esteve na inauguração e ressaltou que o laboratório é a maior e mais avançada base de pesquisa científica já construída no país. Além disso, ele permitirá a integração entre os pesquisadores locais e os de várias outras partes do mundo.
“Sempre se diz que o Brasil é o país do futuro. Com esse projeto, pode-se dizer que o futuro chegou. Essa máquina é motivo de orgulho. Ela engrandece a ciência nacional”, disse Temer durante a cerimônia de inauguração.
Somente a Suécia tem um acelerador de elétrons da mesma geração que o construído no Brasil. O antigo acelerador brasileiro, inaugurado em 1997, já é considerado ultrapassado. Você pode saber mais sobre o acelerador em si através deste link.
Disponível em: https://www.megacurioso.com.br/ciencia/110035-sirius-novo-acelerador-de-particulas-brasileiro-e-inaugurado-em-campinas.htm

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Material mais poroso do mundo é mais precioso que diamante

Redação do Site Inovação Tecnológica -  

Material mais poroso do mundo é mais precioso que diamante
Estrutura metal-orgânica DUT-60, mais cara que ouro ou diamante. [Imagem: Ines M. Hönicke et al. - 10.1002/anie.201808240]
Porosidade
porosidade é a chave para materiais de alto desempenho usados em sistemas de armazenamento de energia - baterias e células a combustível -, tecnologias ambientais, filtros e catalisadores.
Quanto mais poroso é um material de estado sólido, mais líquidos e gases ele é capaz de armazenar e mais área de contato ele oferece para reações químicas.
Por outro lado, uma quantidade grande demais de poros desestabiliza o material. É o que acontece, por exemplo, com as promissoras estruturas metal-orgânicas, ou MOFs (metal-organic framework).
Ao tentar achar o melhor equilíbrio entre porosidade e estabilidade dessas estruturas, pesquisadores alemães quebraram um recorde mundial: eles fabricaram a DUT-60, uma nova estrutura cristalina com a maior superfície específica e o mais alto volume específico de poros (5,02 cm3 por grama) entre todos os materiais conhecidos.
A área de superfície específica descreve a soma de todos os limites superficiais que um material possui, incluindo os externos visíveis e os poros internos - 90,3% da DUT-60 é volume livre.
Com isto, a estrutura metal-orgânica pode absorver quantidades gigantescas de gases, o que a torna ideal para armazenar quantidades colossais de gases - CO2, por exemplo - ou filtrar gases tóxicos do ar. Existem poucos compostos de baixa densidade que são mecanicamente estáveis o suficiente para serem acessíveis a gases sem que suas superfícies sejam destruídas.
MOFs comerciais
"Se você imaginar a superfície interna de um grama de zeólita como uma área plana, ela cobriria cerca de 800 metros quadrados, e o grafeno chegaria a quase 3.000 metros quadrados. Um grama de DUT-60 atingiria uma área de 7.800 metros quadrados," compara Stefan Kaskel, da Universidade Técnica de Dresden.
O material foi desenvolvido por métodos computacionais e, seguindo a receita, sintetizado em laboratório. O primeiro lote saiu caro: "Devido à sua produção muito complicada, o material é mais caro que o ouro e os diamantes e, até agora, só pode ser sintetizado em pequenas quantidades, de no máximo 50 miligramas por lote," contou o pesquisador.
A equipe lembra, contudo, que já está produzindo versões anteriores de seus MOFs em lotes de vários quilogramas, vendidos como um produto comercial a preços razoáveis.
"Além disso, estamos trabalhando em aplicações de materiais porosos dentro dos campos de armazenamento de gás, pesquisa ambiental, catálise, baterias e filtragem de ar," concluiu Kaskel.

Bibliografia:

Balancing Mechanical Stability and Ultrahigh Porosity in Crystalline Framework Materials
Ines M. Hönicke, Irena Senkovska, Volodymyr Bon, Igor A. Baburin, Nadine Bönisch, Silvia Raschke, Jack D. Evans, Stefan Kaskel
Angewandte Chemie International Edition
DOI: 10.1002/anie.201808240
Fonte : Inovação Tecnológica

Descoberta de ondas gravitacionais, que ganhou Nobel, é questionada

Redação do Site Inovação Tecnológica -  

Questionada descoberta de ondas gravitacionais, que ganhou o Nobel
Os interferômetros do LIGO medem qualquer coisa que possa "esticar" um dos braços do laboratório por uma extensão equivalente ao diâmetro de um próton - mas a análise dos dados está sob suspeita. [Imagem: LIGO]
Ondas gravitacionais foram uma ilusão?
As notícias de que finalmente detectamos as ondas gravitacionais - ondulações no espaço-tempo previstas por Einstein - reverberaram em todo o mundo em 2015, o que valeu um extraordinariamente rápido Prêmio Nobel de Física em 2017, tamanha era a expectativa por esse feito.
Agora parece que tudo pode não ter passado de uma ilusão.
Uma investigação da revista britânica New Scientist, que caiu como uma bomba na comunidade científica, apontou dúvidas sérias e erros graves na interpretação dos dados feita pelo grande consórcio de cientistas da Colaboração LIGO, os compridos laboratórios onde foi feita a detecção das ondas gravitacionais - depois da detecção inicial de 2015, pelo menos outros três eventos já foram anunciados.
As alegações de falhas na análise dos dados foram divulgadas pela primeira vez por um grupo de pesquisadores dinamarqueses em 2016. Depois de não receber resposta da colaboração LIGO para suas dúvidas, Hao Liu e Andrew Jackson, do Instituto Niels Bohr, em Copenhague, publicaram suas dúvidas em um periódico revisado por pares, o que significa que outros cientistas, os chamados revisores, acharam que a coisa é séria e precisa ser elucidada.
Foi aí que a equipe da revista New Scientist decidiu investigar. E o resultado foi a revelação de uma série de irregularidades nas conclusões da equipe LIGO e no artigo que descreve a descoberta, incluindo uma série de dados desenhada "a olho", mas que aparece no artigo científico como sendo baseada em dados reais.
"Acreditamos que o LIGO não conseguiu apresentar argumentos convincentes para a detecção de qualquer evento de onda gravitacional," disse Jackson, acrescentando que não houve descoberta: "Tudo foi uma ilusão".
Dados e ruído
Embora os pesquisadores dinamarqueses não trabalhem diretamente com ondas gravitacionais, eles têm experiência em análises de sinais, checando e tirando conclusões a partir de grandes conjuntos de dados, como aqueles envolvendo a radiação cósmica de fundo de micro-ondas.
E análises de sinais são o principal instrumento analítico do LIGO para extrair um sinal de onda gravitacional dos dados brutos dos seus detectores. Quando as ondas gravitacionais atingem a Terra, elas são extremamente fracas, fazendo com que os longos túneis dos detectores sofram uma alteração no comprimento equivalente a cerca de um milésimo do diâmetro de um próton. Isso é muito menor do que os distúrbios causados pelos tremores sísmicos de fundo e até mesmo das vibrações térmicas naturais do hardware do detector. Por isso lidar bem com o ruído de fundo é um problema enorme na detecção de ondas gravitacionais.
Mas quando Jackson e seus colegas analisaram os dados da primeira detecção, sobrepondo os sinais dos dois detectores, emergiu uma correlação entre os gráficos. Eles verificaram e checaram novamente, mas o que descobriram é que o ruído residual nos detectores Hanford e Livingston - dois detectores do LIGO - tinham características em comum. "Chegamos a uma conclusão que foi muito perturbadora: Eles não separaram o sinal do ruído," resume Jackson.
Viatcheslav Mukhanov, da Universidade Ludwig Maximilian, na Alemanha, que é editor da revista científica ao qual a crítica de Jackson e seus colegas foi submetida para publicação, afirmou ter enviado o artigo para os mais qualificados revisores da área: "Ninguém foi capaz de apontar um erro concreto na análise dinamarquesa. Não há erros."
Questionada descoberta de ondas gravitacionais, que ganhou o Nobel
A onda gravitacional que justificou o Prêmio Nobel de Física somente é visível em um gráfico "limpo", do qual foram extraídos dados irrelevantes, conhecidos como "ruído", e depois que a escala é ampliada em 100 vezes. [Imagem: Pavel Naselsky et al.]
Tempestade na comunidade científica
"Uma tempestade em um copo de água?" pondera Michael Brooks, da New Scientist. Afinal, a relatividade geral é uma das teorias mais bem verificadas, o LIGO deve ser sensível o suficiente para detectar as ondas gravitacionais, e os instrumentos estão encontrando essas ondas exatamente na taxa prevista pela teoria. Então, por que se preocupar com esse "ruído"?
O problema é que físicos já cometeram erros antes, justamente por causa do ruído. E não precisa ir longe. Antes do LIGO, em 2014, a colaboração BICEP2 anunciou ter comprovado as ondas gravitacionais e a inflação cósmica, anúncio esse seguido por um vexatório desmentido no ano seguinte, depois que outros pesquisadores encontraram erros na análise dos dados - justamente no ruído.
E há outras questões que justificam a desconfiança. A New Scientist descobriu, por exemplo, que a colaboração LIGO publicou gráficos de dados que não foram derivados da análise real. O artigo sobre a primeira detecção na Physical Review Letters usou um gráfico de dados que era mais "ilustrativo do que preciso," confirmou Neil Cornish, membro do LIGO e um dos responsáveis pela análise dos dados. Ou seja, alguns dos resultados apresentados naquele artigo para fundamentar a descoberta não foram encontrados usando algoritmos de análise, mas foram feitos "a olho", a título ilustrativo, segundo Cornish, embora isto não esteja indicado na legenda do gráfico ou no texto do artigo.
Há também atalhos questionáveis nos dados liberados pelo LIGO para uso público. A colaboração fez uma aproximação na subtração do sinal do detector Livingston do sinal do detector Hanford, deixando correlações nos dados - as mesmas correlações que Jackson identificou. Agora há uma nota na página da colaboração afirmando que a forma de onda disponível publicamente "não foi ajustada para remover precisamente o sinal".
Espera ansiosa
Depois de um longo silêncio, a colaboração LIGO finalmente afirmou que irá publicar um novo artigo contendo uma "explicação detalhada de como é feita a análise do ruído em seus detectores".
A comunidade física mundial aguarda com ansiedade as explicações. Enquanto isso, Jackson e seus colegas já publicaram um novo artigo propondo uma "busca cega" nos dados que poderá indicar a presença confiável de um sinal de onda gravitacional nos dados do LIGO.
Se a descoberta não for confirmada, restará tentar melhorar o LIGO ou esperar pelo Telescópio Einstein.

Bibliografia:

Degeneracy of gravitational waveforms in the context of GW150914
James Creswell, Hao Liu, Andrew D. Jackson, Sebastian von Hausegger, Pavel Naselsky
Journal of Cosmology and Astroparticle Physics
Vol.: 2018, March 2018
DOI: 10.1088/1475-7516/2018/03/007

Understanding the LIGO GW150914 event
Pavel Naselsky, Andrew D. Jackson, Hao Liu
arXiv
https://arxiv.org/abs/1604.06211

Possible associated signal with GW150914 in the LIGO data
Hao Liu, Andrew D. Jackson
arXiv
https://arxiv.org/abs/1609.08346

On the time lags of the LIGO signals
James Creswell, Sebastian von Hausegger, Andrew D. Jackson, Hao Liu, Pavel Naselsky
arXiv
https://arxiv.org/abs/1706.04191

A blind search for a common signal in gravitational wave detectors
Hao Liu, James Creswell, Sebastian von Hausegger, Andrew D. Jackson, Pavel Naselsky
arXiv
https://arxiv.org/abs/1802.00340
Fonte: Inovação Tecnológica

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Nota da Diretoria da SBF sobre o Projeto de Lei 7180/2014 / Escola Sem Partido

Nesta quarta-feira, 7/11, a Câmara dos Deputados volta a discutir o Projeto de Lei 7180/2014, conhecido como “Escola sem Partido”. Dentre outros aspectos, este projeto de lei abre a possibilidade para que atividades do exercício da docência sejam classificadas como político-partidárias, podendo receber sanções a depender das discussões que possam se estabelecer em sala de aula.

Tal projeto como proposto afronta princípios enunciados na Constituição Federal de 1988, em cujo texto, no artigo 206, pode-se ler que “a educação visa ao pleno desenvolvimento da pessoa e seu preparo para o exercício da cidadania e tem entre seus princípios a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber, bem como o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas”.

A própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, documento cujo texto o PL pretende alterar, anuncia que os princípios do ensino no país são: “o respeito à liberdade e o apreço à tolerância, a valorização da experiência extra-escolar, a vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais e a consideração com a diversidade étnico-racial”.

Considerando que as alterações que se pretende fazer colocam em risco a formação geral e cidadã de nossos jovens, a Diretoria da Sociedade Brasileira de Física vem se posicionar de forma contrária à aprovação do PL 13180/2014.
Sociedade Brasileira de Física