NASA estuda envio de submarino a lua de Saturno
Com informações da BBC - 25/03/2015
Pousar uma sonda na superfície de um cometa foi indiscutivelmente uma das mais audaciosas conquistas espaciais dos últimos tempos.
Mas uma missão que está sendo estudada pela Nasa pode desbancar esse feito.
A proposta prevê o envio de um submarino robô aos mares oleosos de Titã, uma lua de Saturno onde alguns cientistas acreditam poder existir um tipo de vida diferente da que conhecemos aqui na Terra.
Os mares de Titã não são formados por água, mas por hidrocarbonetos, parentes do petróleo, como metano e etano, que permanecem em estado líquido na lua, onde a média de temperatura é de -180 ºC.
Embora tenha sido recentemente considerada uma das cinco missões espaciais que todos gostariam de ver, a proposta está nos estágios iniciais, financiada pelo NIAC (sigla em inglês para Conceitos Inovadores e Avançados da Nasa), no qual cientistas são incentivados a pensar no futuro, sem se importar ainda com os detalhes técnicos necessários para viabilizar a missão.
"Isto é muito libertador. Você pode deixar sua imaginação correr solta," disse Ralph Lorenz, coordenador do projeto, dizendo acreditar "a missão é possível com os recursos, tempo e tecnologia certos".
Submarino espacial
Submarinos não tripulados, conhecidos genericamente como UUVs (unmanned underwater vehicle), são usados amplamente para exploração petrolífera e monitoramento ambiental. Assim, tecnologias já existentes poderiam ser adaptadas para a missão.
Um dos aspectos mais impressionantes da proposta é uma ideia de levar o submarino a Titã usando uma versão da mininave espacial militar X-37B.
O submarino seria levado na área de carga da nave não tripulada e poderia ser lançado nos mares de Titã de duas formas possíveis.
Em uma delas, o X-37B poderia abrir as portas de sua área de carga ainda em voo e liberar o submarino robô. O aparelho então abriria um pára-quedas para pousar na superfície do mar.
A alternativa seria a nave pousar na superfície do mar e então abrir seu compartimento de carga, liberando o submarino antes de afundar.
Uma boia poderia servir como estação retransmissora das informações coletadas pelo submarino. [Imagem: NASA]
A lua Titã tem semelhanças com Terra, porém em uma versão congelada, o que a torna um alvo atrativo para exploração. Ela já foi visitada pela sonda Huygens, que atingiu a superfície em 2005.
Uma missão chamada TiME (Titan Mare Explorer), na qual Ralph Lorenz esteve envolvido, deveria ter retornado à lua com uma sonda flutuante que pousaria no mar para recolher dados.
A TiME foi um dos três projetos finalistas em um processo de escolha de missão espacial de baixo custo da Nasa, mas perdeu para o projeto InSight, uma sonda que irá estudar o interior de Marte, com lançamento previsto para o ano que vem.
O novo conceito de missão para Titã combina os objetivos científicos da TiME com outros que se tornariam possíveis graças ao uso do submarino.
"Você poderia fazer tudo que uma missão como a TiME poderia ter feito, particularmente no litoral, com medições de tempo e composição da superfície, medição das ondas," disse Ralph Lorenz. "Mas ela também possibilitaria fazer um mapeamento detalhado do fundo do mar, onde está guardado um registro rico da história do clima de Titã."
O estudo não identificou quais instrumentos seriam carregados pelo submarino. Mas um sonar, uma câmera e um sistema para coletar amostras do fundo do mar são candidatos óbvios.
Prazo ou preço
As comunicações também terão uma importância vital. O polo norte de Titã tem que estar apontado para a terra para que as comunicações sejam feitas de forma direta. Porém, esse alinhamento só voltará a acontecer no ano de 2040.
Para realizar a missão antes disso, uma outra espaçonave poderia ficar orbitando Titã para receber os dados do submarino e repassá-los à Terra. Isso possibilitaria o lançamento da missão a qualquer momento, mas também aumentaria consideravelmente seus custos.
A fonte de energia para as espaçonaves também é um problema crucial. Missões espaciais que ocorrem além do cinturão de asteroides estão longe demais para usar a energia solar. Elas precisam usar combustível nuclear baseado em plutônio.
Fonte: Inovação Tecnológica
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