No dia 28, com sorte e técnica, observadores da Terra poderão visualizar todos os planetas que compõem o Sistema Solar em um fenômeno conhecido como “parada”
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025
Conjunção planetária: fevereiro terá evento astronômico que só se repetirá em 2161
Nasa atualiza chance de asteroide atingir a Terra para 1 em 32
Nova atualização aponta 3,1% de chance de objeto atingir a Terra. Astrônomos monitoram asteroide e avaliam eventual intervenção para evitar impacto
Por Redação Galileu
A Nasa atualizou as chances de impacto do asteroide 2024 YR4 na Terra para 3,1% - ou 1 em 32. Trata-se da maior probabilidade registrada para uma colisão desse tipo, e pode ser revista (para mais ou para menos) nos próximos meses. A data do potencial evento é 22 de dezembro de 2032.
Descoberto em dezembro de 2024, o asteroide 2024 YR4 tem sido monitorado de perto por telescópios ao redor do mundo. Com base nos dados coletados, os cientistas vêm refinando os cálculos de sua órbita, aumentando a precisão da previsão de impacto.
O Telescópio James Webb é capaz de ver objetos muito escuros no espaço, e espera-se que ele possa fornecer dados sobre o tamanho e a composição do asteroide nos próximos meses. No momento, a órbita do asteroide está levando-o em direção a Júpiter, e, depois que o 2024 YR4 sair de vista, novas informações só deverão ser obtidas quando ele reaparecer em 2028.
Se o risco de atingir a Terra for de 10% de chance ou mais, a Rede Internacional de Alerta de Asteroides (IAWN, na sigla em inglês) emitirá um aviso de recomendação para que todos os membros da ONU com territórios em áreas potencialmente ameaçadas iniciem a preparação terrestre.
Impacto na Terra
O 2024 YR4 tem um diâmetro estimado entre 40 e 90 metros e, caso atinja a Terra, pode liberar uma energia equivalente a 7,7 megatoneladas de TNT (trinitrotolueno, unidade usada para medir a potência de explosões). Ao contrário do asteroide de 10 quilômetros de largura que levou à extinção dos dinossauros há 66 milhões de anos, o 2024 YR4 não provocaria uma catástrofe global, mas sua energia seria suficiente para destruir uma cidade.
A última vez que um asteroide com mais de 30 metros de diâmetro provocou preocupações na comunidade científica foi em 2004, quando o Apophis mostrou uma chance de 2,7% de atingir a Terra em 2029. Apesar disso, não há motivo para desespero. ”Não se trata de uma crise neste momento. Não se trata do assassino de dinossauros. Não é o assassino de dinossauros, não é o assassino do planeta. Isso é, no máximo, perigoso para uma cidade", afirmou Richard Moissl, chefe do escritório de defesa planetária da Agência Espacial Europeia, em comunicadoA comunidade científica segue acompanhando o 2024 YR4 para determinar se há necessidade de uma eventual intervenção. O cenário mais provável é uma explosão no ar, mas, se cair mesmo na Terra, o local do impacto vai determinar o tamanho do estrago. Por ora, o que se sabe é que o pedregulho espacial está sob risco de cair em uma região do globo que inclui a Índia, Paquistão, Bangladesh, Etipóia, Sudão, Nigéria, Venezuela, Colômbia e Equador.
Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/ciencia/espaco/noticia/2025/02/nasa-atualiza-chance-de-asteroide-atingir-a-terra-para-1-em-32.ghtml
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025
Sonho de Tesla? Eletricidade é guiada no ar usando som

[Imagem: Josu Irisarri]
Guiando eletricidade no ar
Faíscas elétricas, sejam elas da potência de um relâmpago, saindo de um curto-circuito na rede de alta tensão ou mesmo dos fios de um aparelho doméstico, têm uma característica universal: Elas são caóticas, dividindo-se em ramos imprevisíveis, nunca unindo sua fonte ao seu destino por uma linha reta.
Mas seria muito bom se fosse possível guiar essas faíscas com precisão pelo espaço livre porque, se controladas, elas podem ter mil e uma utilidades, por exemplo na soldagem, na eliminação de germes, na alimentação de componentes eletrônicos, dentro dos motores a combustão, para ignição do combustível, e até mesmo na geração de estímulos táteis em interfaces, próteses e robótica.
A boa notícia é que essas e outras aplicações agora podem começar a ser projetadas graças ao trabalho de Josu Irisarri e colegas das universidades de Navarra, na Espanha, e Helsinque, na Finlândia.
Irisarri descobriu uma maneira de transportar eletricidade pelo ar aberto com um nível de precisão impressionante: As faíscas elétricas podem tanto seguir por uma linha perfeitamente reta, quanto serem guiadas por trajetos predeterminados.
A equipe afirma que, na prática, sua tecnologia permite criar "fios elétricos invisíveis". Os fios na verdade são caminhos para a eletricidade traçados no ar - o fio será invisível, mas a fagulha elétrica será bem visível.

[Imagem: Josu Irisarri et al. - 10.1126/sciadv.adp0686]
Controle da propagação das faíscas elétricas
O nível de controle da faísca elétrica é tão grande que permite até mesmo guiar cada faísca em torno de obstáculos, ou fazê-la atingir pontos específicos, mesmo em materiais não condutores.
O segredo dessa mágica que certamente faria Nikola Tesla arregalar os olhos, está em ondas ultrassônicas.
O controle é possível porque as faíscas aquecem o ar, que se expande e, por decorrência, sofre uma diminuição da sua densidade.
As ondas ultrassônicas são então usadas para guiar o ar quente. O ar quente, mais leve, flui para regiões onde a intensidade do som é maior. As próximas faíscas então seguem essas regiões de ar mais leve por causa de sua menor tensão de ruptura.
"O controle preciso das faíscas permite sua utilização em uma ampla variedade de aplicações, como ciências atmosféricas, procedimentos biológicos e alimentação seletiva de circuitos," comentou o professor Ari Salmi.

[Imagem: Josu Irisarri et al. - 10.1126/sciadv.adp0686]
Seguro e promissor
Até agora, faíscas elétricas só podiam ser guiadas com descargas induzidas por laser, comumente chamadas de eletrolasers, que exigem o uso de lasers de alta potência, inadequados para muitas aplicações, além de uma temporização precisa entre o laser e a descarga elétrica.
O novo método usa ultrassom em vez de lasers, o que o torna seguro até mesmo para os olhos e a pele. O equipamento é compacto e de baixo custo, muito parecido com os utilizados para levitação acústica, e pode ser operado continuamente.
"Estou animado com a possibilidade de usar faíscas muito fracas para criar estímulos táteis controlados na mão, talvez criando o primeiro sistema Braille sem contato," disse Irisarri.
Artigo: Electric plasma guided with ultrasonic fields
Autores: Josu Irisarri, Iñigo Ezcurdia, Naroa Iriarte, Marika Sirkka, Dmitry Nikolaev, Joni Mäkinen, Alexander Martinez-Marchese, Denys Iablonskyi, Ari Salmi, Asier Marzo
Revista: Science Advances
Vol.: 11, Issue 6
DOI: 10.1126/sciadv.adp0686